Relatos da meia-noite

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O sol iluminava meus olhos pelas pálpebras fechadas, sentia como se um exército tivesse passado por cima de mim com violência, minha cabeça latejava e eu sentia minha têmpora pulsar. Abri os olhos, e mesmo após tudo, eles continuavam a distorcer as imagens em minha frente, tornando-as lampejos de cores indefinidas. Usei as forças restantes para esfregar os olhos o suficiente para que eu voltasse a enxergar normalmente. Então o quarto focalizou. Eu parecia estar deitada no chão, porém ainda confortável, foi quando percebi o colchão que se estendia até meus arredores. Ao meu lado, além da gigantesca cama, uma loira bonita parecia dormir. E não era Lux.

Ezreal parecia um defunto dormindo a apenas alguns centímetros de mim. Olheiras profundas apareciam abaixo de seus olhos, o cabelo, sempre bem penteado, parecia um ninho de passarinho. Demorei para entender o que estava acontecendo, então olhei para meu outro lado e vi outra loira bonita jogada ao colchão. Luxanna parecia ter sido arremessada, os cabelos também desgrenhados se estendiam no travesseiro; ou melhor, no meio travesseiro, já que dividíamos o mesmo. Diferente de Ez, Lux dormia que nem um anjo. A boca vermelha e a pele bem cuidada pareciam refletir sobre a luz do sol.

Me sentei no colchão para tentar compreender o que aconteceu, mas apenas mais dúvidas surgiram. Um braço passava por Ezreal, o cercando da cintura pra cima; uma cabeleira branca estava enfiada nas costas de Ez. Ekko, que estava desprovido de blusa, abraçava o louro e se mantinha imóvel. Então mais perguntas começaram a ser feitas em minha mente. Como chegamos aqui? Por que dormíamos todos juntos em uma junção de colchões? E aonde estava Seraphine e Zeri?

Esfreguei os olhos novamente e respirei fundo. Minha garganta arranhava e eu tinha a boca seca, além das dores musculares. Foi quando ouvi uma porta se abrir. Ela escorregou para o lado e uma menina alta de longos cabelos rosas entrou no quarto. Seraphine.

— Já acordou? — perguntou ela em tom baixo. Sera vestia um roupão de seda preto que cobria até metade da coxa, tinha o cabelo solto e olheiras. Eu continuei a olhá-la, sem saber o que perguntar primeiro. — Tá tudo bem?

— Sim, hã... como... como chegamos aqui? — disse esfregando o rosto.

— Como você acha? — ela arqueou a sobrancelha. — Vocês deram mais trabalho do que eu esperava.

Olhei para os lados e tentei imaginar a cena. Seraphine, sozinha, tentando trazer quatro bêbados para dentro de um quarto. E então uma quarta pergunta se fez na minha cabeça. Aonde estávamos?

— Sera, — falei — aonde estamos?

— No meu apartamento. Não sabia para onde levar vocês sem chamar atenção. Então eu trouxe vocês pra cá. Tive a ideia de juntar os colchões dos outros quartos aqui para ficar de olho em vocês. — ela da de ombros — Você sabe, bêbados são complicados.

— E aonde está Zeri? Ela foi pra casa dela?

— Não. Primeiro que estava muito tarde, segundo que eu não deixei. — ela sorri. — E eu com certeza não conseguiria lidar com vocês quatro bêbados sozinha aqui.

— Como que isso aconteceu?

— Quando meu show acabou, eu fui atrás de vocês. Achei o Ekko e o Ez em um cantinho...

— Um cantinho?

— Não me pergunte. E bom, você estava... — então ela para e parece refletir a própria pergunta. Sera se mantinha de braços cruzados e os soltou enquanto me olhava com desconfiança. — Por que você estava na saída de emergência com Lux? Não tinha nenhum lugar melhor, não?

— Dê um tempo, Sera. E o que aconteceu com ela?

— Lux tentou me explicar, mas estava tão ruim quanto você. Ela se perdeu nas falas e parecia abalada. Enfim, não quero saber o que vocês fizeram lá. — ela espanta a fala com a mão e se encaminha para sair do quarto. — Você vem?

O Peso da Liberdade: Uma história de Zaun & PiltoverOnde histórias criam vida. Descubra agora