Docas

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Passara de dois á três dias desde a vinda dos Poingdestre para cá, e de todas as maneiras, eu ainda pensava sobre o que Vale me dissera. Eu comecei a pensar em todas as possibilidades possíveis para o porquê da chantagem, e tudo o que me veio à mente, foi o fato de que mais alguém estava envolvido nisso tudo. Porém não havia provas, pistas, ou algo que indicasse dedo de mais alguém no plano mirabolante deles.

Embora tudo isso acontecesse, meus pais agiam como se nada tivesse acontecido, mesmo que Augatha ainda estivesse o tanto quanto desapontada, ela parecia não demonstrar com a frequência que fazia antes. O que foi bom, de certo modo. E para melhorar minha situação, no fim da tarde do dia 24 de outubro, enquanto eu terminava de ler os relatórios novos decorrentes de Demacia, um soar estranho ecoou pelo quarto vindo da janela. Ignorei a primeira vez, mas a partir da terceira, começou a me incomodar. Levantei rapidamente e fui á janela, pronta para tirar o que quer que estivesse ali, até que:

"Jinx?!"

"Lux" soou ela com voz baixa. "Você tá bem?"

"O que você está fazendo aqui?"

"Eu perguntei primeiro." brincou ela. Sua voz era inaudível a quem a ouvisse de longe, seu tom brincalhão não perdera a graça e seu sorriso de orelha á orelha foi o que me fez mudar de ideia a quanto deixá-la entrar.

Assim que Jinx pôs os pés no meu quarto, eu rápido fechei a janela e a fitei.

"Certo, o que você está fazendo aqui?"

"Primeiro responda se está tudo bem." Ela sorriu.

"Sim, Jinx, eu estou bem. Como pode ver eu tenho a liberdade de abrir a janela. Não estou em cárcere privado."

"Está bem, está bem. Eu só vim ver como você está. Faz dias que não nos falamos, fiquei preocupada."

"Então a sua grande ideia foi tentar pular minha janela?! E se tivessem câmeras aqui?"

"Você não parece preocupada com isso, então... estou segura." Ela sorriu e ignorou o restante das minhas perguntas; Jinx começou a olhar o quarto, encantada. "Então este é o seu covil?"

"Não é um covil, Jinx."

"Não se preocupe, continua sendo muito bonito. Combina com a dona." Ela sorriu em minha direção, fazendo minhas bochechas esquentarem. "Aquilo ali é o que eu acho que é?"

Jinx foi em direção á cadeira a qual eu estava sentada; e apoiada nela, um casaco de Uwendale, se encontrava estendido. Ela o pegou e o levantou na minha direção.

"Você acha que cabe em mim?"

"Com certeza não... experimente. De nada custa."

E assim fez, com um sorriso no rosto ela o pôs. Ele a cobria até um pouco abaixo da cintura, deixando-a parecendo uma criança que roubara a roupa de um adulto.

"Viu? Coube!"

"Se isso é caber para você, precisamos ver novas roupas." brinquei. Jinx sorriu e continuou olhando o quarto, sentou-se na beira da cama e olhou para mim. "Agora me diga, por que veio até aqui, mesmo depois do que lhe contei."

Seu sorriso foi se desfazendo aos poucos, ela encarou o chão por um momento e disse:

"Sera me disse o que você contou a ela. Eu fiquei... preocupada." ela ergueu o olhar e continuou. "Mas eu realmente vim ver se você estava bem. Ocupada demais, pelo visto."

Ela apontou para a papelada estendida sobre a mesa, a luz do abajur deixava aquilo tudo parecer uma cena de investigação. Suspirei e olhei para ela, cuja estava adorável demais com meu casaco para eu me importar que ela estivesse na mesma casa que meus pais.

O Peso da Liberdade: Uma história de Zaun & PiltoverOnde histórias criam vida. Descubra agora