Estilhaços: parte II

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Vi

Era um lugar frio e escuro. Quando passei pela porta, a única coisa que percebi fora que levaram Ezreal para algum lugar. Sozinha e sem medo algum, devo ressaltar, virei-me para frente. Uma escada, estreita e feita de pedras pretas, levava-me para baixo, aonde luzes vermelhas de emergência brilhavam fortemente. Suspirei pesadamente e prendi a respiração; a passos curtos e milimetricamente contados, desci as escadas, tomando cuidado para não fazer um barulho sequer.

Quanto mais descia, mais frio ficava; e quanto mais frio ficava, mais assustador tudo parecia. Silêncio. Um silêncio insuportável fazia-se, o que deixava-me mais nervosa do que se houvesse gritos. Estava eu sozinha, ou sendo vigiada? Ergui o olhar em busca de câmeras, mas nada além de alarmes vermelhos cintilantes estavam nas paredes de pedra gelada. Próxima aos últimos degraus, esgueirei-me na parede e olhei de relance para a continuação da sala.

Era grande, mas não o suficiente para se guardar toneladas de material radioativo, como dissera Ezreal. Portas de metal estavam dispostas ao redor do cubículo de pedra, todas com marcas pretas cobrindo a placa que exibia ao que elas levavam. Havia um andar de cima, aonde uma varanda de ferro lavava a mais portas. A direita, uma escada de metal enferrujado lavava até o andar de cima. Era cercado por luzes vermelhas piscantes, o que provavelmente deveria ser o suficiente para me tirar dali. Mas eu insisti.

Já havia invadido lugares muito piores antes. O que um simples cubículo de pedra gelada era perto da casa da sua namorada?
Desci o último degrau da escada e comecei a caminhar até o meio da sala; olhava para todos os lados em busca de qualquer ruído que fosse, mas apenas um estranho barulho de maquinário me chamou a atenção. Olhei para o lado, e três portas de metal estavam dispostas na minha frente. A do meio, a que estava entreaberta, fazia um som de máquinas absurdo. O que achei engraçado, já que até poucos minutos atrás, não ouvia nada além de minha própria respiração.

Tornei a andar até seu encontro, porém, enquanto andava, tive o infortúnio de esbarrar com um barril de metal. Por sorte, no entanto, a única coisa que chegou a fazer barulho foi a topada que dei nele, já que o barril malmente saiu do lugar. Estava pesado, cheio de material. Nenhuma placa ou sinalização indicava o que havia dentro, ou seja, cabia a mim descobrir. Ainda receosa, avaliei o que poderia ser; dei mais um empurrão usando o pé, mas ele nem se mexeu. Então, usando as próprias mãos, ergui a tampa do barril, e tive de franzir os olhos para poder enxergar melhor.

Ali estava, o sintixi. Mas não era algo líquido ou viscoso, assim como a maioria da quimtec produzida em Zaun. Era uma espécie de cristal. Brilhante e alaranjado. Tinha formato indefinido e parecia-se muito com o hextec piltovense. Mas laranja. Hipnotizada demais para pensar, meti a mão no barril e retirei um cristal sintixi. Era sólido como pedra e brilhante como um diamante. O que assustava. Por que os Poingdestre iriam querer produzir materiais excessivos de algo que nem a hextec? Armas. Claro.

Guardei o cristal no bolso interno da jaqueta e tampei o barril, ainda curiosa sobre o maquinário da porta do meio. O que vocês estão escondendo, família Poingdestre?
Ainda silenciosamente, pensei em Caitlyn me chamando atenção a distância, chamando-me de impulsiva e precipitada; mesmo que no fim, ela fosse me seguir. Lentamente, empurrei a porta, esperando encontrar uma gangue quimiopunk inteira. No entanto, tudo o que eu vi fora o que já imaginava ser. Um maquinário pesado.

Uma vez a porta aberta, o barulho tornou-se insuportável, mesmo que, provavelmente, qualquer pessoa lá de cima não fosse perceber. Grandes prensas desciam e subiam com rapidez, enquanto o brilho laranja era movido por esteiras até outro lugar. Uma portinhola pequena levava o sintixi até outra área. A sala ao lado, pensei. Mas estava tão absorta em ver como tudo aquilo funcionava, que a única que fiz foi puxar o telefone para poder filmar tudo. Caitlyn vai se amarrar nisso aqui.

O Peso da Liberdade: Uma história de Zaun & PiltoverOnde histórias criam vida. Descubra agora