Tapas e beijos

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Eu estava em uma mesa, afastada de todo o resto do povo, lia pela quinta vez o mesmo parágrafo do documento que eu furtara de Caitlyn; entretanto as palavras não faziam sentido. Frases vazias que ecoavam na minha cabeça; ricocheteavam e voltavam a não fazer coerência alguma. Tentei me concentrar, ler pela sexta vez e ver se algo mudava. Mas nenhuma informação nova aparecia magicamente no papel. Fechei os olhos e levei as mãos à cabeça, pronta para jogar tudo pelos ares e tomar mais uma bebida.

O Última Gota estava cheio. Pessoas jogavam, riam, dançavam, cantavam, bebiam; tudo o que se tem direito de se fazer em um bar de Zaun. Eu estava sozinha em um canto, bebia qualquer que fosse a bebida que Vander me oferecera, pouco interessada em frenquentar o aniversário de Seraphine bêbada, e cansada. Tentava pensar se valeria a pena ir depois de ter descoberto sobre a "amizade" de Lux com os Poingdestre. Mesmo que nós já tivéssemos nos resolvido — pelo menos parcialmente —, ainda me incomodava o fato de ter Vale muito perto de Lux. Ou qualquer um dos gêmeos, na verdade.

E durante esse tempo, um dos meus pensamentos foi tentar subir pela janela de Luxanna de novo; ver se ela estava bem ou se seu cárcere privado havia acabado. Então mandei mensagem. Mas do jeito que as coisas estavam, talvez uma carta fosse um meio mais rápido de obter respostas. Voltei à realidade quando ouvi um baque surdo na mesa, uma garrafa de Royal Salut materializou-se na minha frente; uma mão com machucados nos calos dos dedos a segurava.

— Você me assustou. — disse a Vi.

— Você quem está distraída. Aceita? — ela ergueu a garrafa.

— Não estou afim de beber agora, Vi. Mas obrigada pela oferta. — disse eu. Vi deixou o uísque na mesa de novo e me encarou; respirou fundo e puxou uma das cadeiras para sentar-se ao meu lado.

— O que tá pegando com você? Parece meio distante. É àquela sua namorada? Quantas vezes ela já lhe deixou assim? Três? Quatro?

— É, eu não sei também. — respondi, mexendo no copo o qual antes estava cheio. — Estamos melhores agora. Talvez se deixássemos de esconder tanta coisa uma da outra estaríamos melhor.

— Não esquenta com isso. Fale com ela. Converse sobre isso e talvez vocês se resolvam.

— Se você diz. — falo, e dou um sorriso ladino para ela, que retribui o mesmo.

— Certo. Mas aqui, tome um pouco. Não fará mal. — Vi ergue a garrafa mais uma vez e joga o líquido no copo, sem ao menos me deixar responder.

— Já entendi o recado. — disse eu.

— Vamos ver se você realmente entendeu. — Vi puxa outro copo e o deixa sobre a mesa, ela joga o mesmo líquido nele e o ergue na minha direção. — Certo?

— Certo. — o tilintar ecoou quando batemos os copos. O uísque desceu quente, melhorando a ambientação, e fazendo com que eu sentisse mais falta dela.

— Ótimo! — comemorou Vi. — Mas agora, preciso voltar para o trabalho. O dever me chama, maninha.

Vi deixou o copo, ainda com bebida na mesa, e se foi com a mesma velocidade a qual chegou. Fiquei um tempo mexendo no meu copo, vendo o uísque ir de um lado para o outro, pensando que sim, seria uma boa ideia pular a janela de Lux de novo. Até eu ouvir outro baque em cima da mesa. Ergui o olhar e vi Zeri. De novo. Ela parecia tão abalada quanto da última vez que a vi, e lhe garanto, eu já sabia exatamente o que era.

— Eu acho que preciso de uma bebida. — disse ela, sentando na cadeira à frente.

— O que foi desta vez? — perguntei, entregando o copo com uísque a ela.

O Peso da Liberdade: Uma história de Zaun & PiltoverOnde histórias criam vida. Descubra agora