Manchas de tinta

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Lux P.O.V

Estava a facilmente a mais de meia hora encarando o teto do meu quarto. Entediada, irritada e frustrada. Queria dizer que é exagero da minha parte; mas sei que não é. Sabia que minha mãe estaria em casa no momento em que Jinx me deixou aqui, e se ela visse uma zaunita, com piercings, tatuagens, uma jaqueta e uma moto, com certeza enlouqueceria.

O problema, foi a medida que tomei para fazer Jinx sair o mais rápido possível de perto da minha mãe. Agora, estava a uns dois dias sem falar com ela por puro constrangimento. Sabia, também, que se lhe explicasse o porquê daquilo, ela ficaria chateada. Quer dizer, quem não ficaria chateado quando descobrisse que a garota a qual você dormiu junto não quer que você conheça os pais dela. Certo?

E ao invés de pensar em uma maneira de lhe contar isso, pensei na melhor maneira de me desculpar com ela. Uma simples mensagem não seria o suficiente, não para mim. E depois do que fiz – o que foi bem escroto da minha parte –, outro "desculpe" não era o bastante. Não é?

Pensei em lhe mandar uma mensagem, perguntar como ela estava e se não teria problema uma visitinha. Mas do jeito que as coisas estão, não quero arriscar ser completamente ignorada. Pensei, também, em mandar uma mensagem à Ezreal – já que o mesmo havia me mandado mensagem –, perguntar se eles sairiam para algum lugar ou algo do tipo. Então apenas desisti e continuei a pensar em algo. Até que tive uma ideia. Arriscada, porém uma ideia.

* * *

Pedi para o motorista me deixar a duas quadras de distância da casa de Jinx, não queria que ele estivesse ali e muito menos que Jinx o visse. Ele insistiu para que eu o deixasse me acompanhar, mas retruquei tento que acho que ele simplesmente desistiu.

Fui andando até lá na expectativa de ela gostar de o que quer que eu fosse lhe dizer como desculpa. Pensei em parar em algum lugar e lhe comprar chocolates, flores, ou até mesmo tintas. Mas sabia que isso geraria dúvidas no motorista, e sabe lá Deus o que ele diria para minha mãe; então apenas não coloquei essa etapa do plano em prática.

Quanto mais andava na direção de sua casa, mais eu ficava nervosa e aflita. Mas quando finalmente a casa de Jinx entrou na minha visão, assim que dobrei a esquina, todo o nervosismo e a aflição sumiram.

Jinx estava do lado de fora, perto da lateral da casa e parecia concentrada em algo que fazia, pois segurava algo em uma das mãos. Mas, sinceramente, não era isso o que me chamava a atenção. Tinha as tranças duplas presas em uma só; usava o que parecia ser uma blusa branca e um short curtíssimo.

Eu até poderia ter achado aquela a mais bela das cenas a qual já vi, mas vendo a movimentação que aquelas ruelas de Zaun se encontravam, tudo o que eu pensei foi em ir até ela o mais rápido possível.

— Jinx? — falei, e ela virou-se para mim. Uma expressão de surpresa apareceu em seu rosto; parecia atordoada.

— Lux? — disse ela, atônita. — O que você tá fazendo aqui? — ela olhou ao redor, depois por cima do meu ombro, provavelmente procurando alguém.

Quando tentei pronunciar algo, dizer o porquê de eu estar aqui, nada saiu. Meu olhar rapidamente desceu, se deparando com uma Jinx molhada. Sua camisa branca marcava o top preto por baixo, as tatuagens azuis se sobressaiam mais que tudo e a barriga definida colada a blusa quase me fez perder bem mais que só a fala.

— Lux? — repetiu ela. Tornei a olhá-la nos olhos, com a boca entreaberta e com uma imensa vontade de beija-lá, lutei contra isso e consegui falar.

O Peso da Liberdade: Uma história de Zaun & PiltoverOnde histórias criam vida. Descubra agora