2° temporada (09)

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— Idiota! — Bill gritou na cozinha, enquanto remexia a colher em seu prato.

Passei a ser odiada pelo gêmeo por um longo tempo após ter deixado uma cicatriz em seu rosto. Ele me xingava toda vez que lembrava do ocorrido, embora eu não tendo feito de propósito, e aquele machucado me fazia trêmula toda vez que eu o via.
Me parecia que toda vez que ele me via, sua lembrança de dor voltava para a sua mente e então me maltratava de algumas formas, seja jogando-me contra a parede, ou até mesmo brincando com traumas do passado.

Bill ficou no hospital não por muito tempo, já que era convencido o suficiente para não precisar da ajuda de ninguém, e de certa forma, isso acaba lhe prejudicando.
Todos tentávamos cuidar do garoto, mas ele se recusava a receber um mínimo afeto de quem seja, parecia trancado em sua própria cabeça, onde a tormentação não havia fim.
Algo que eu nunca tinha visto antes era a forma que ele estava tratando Tom e isso me deixava assustada com o tanto de ameaça que ele jogava contra o próprio irmão.

— Qual é a porra do seu problema? — Bill finalizou olhando para mim com olhos de raiva.

Aquilo já me dava preguiça de discutir, pois sabia que era apenas uma outra crise de raiva do nada.
Não demorou muito para escutar o garoto jogando tudo oque via na frente contra o chão, empurrando Verônica para o lado e quase arrancando seus próprios cabelos.
O mesmo me empurrou pelas costas até a garagem, abrindo a porta e me jogando para o banco do passageiro.
Com preguiça, aceitei oque estava acontecendo, de novo.
Pegamos estrada e novamente estávamos em um lugar escuro, no meio da madrugada.
Olhei pela janela, encarando o botão de abaixar o vidro do carro, me mexendo em velocidade para abri-lo, porém Bill pensou que eu estava em uma tentativa de escapar do carro e agarrou meu cabelo, puxando para baixo e me fazendo deitar minha cabeça em seu colo, apontando a arma para a minha garganta.

— Eu estava tentando abrir a janela!

— Cale a boca! — ele disse dirigindo concentrado e eu engoli seco.

Bill tinha esse costume horroso de toda vez que alguém o magoava ou fazia algo ruim para ele, o mesmo levava para um lugar barulhento por horas, até você desmaiar de tanta dor de cabeça.
No meu caso, ele me levava para festas, onde me forçava a beber e escutar música alta a madrugada toda.
Porém aquilo me parecia uma tortura, pois sempre que chegava em casa estava toda machucada e parecendo que vou explodir.

Ele retirou minha cabeça de seu colo, me empurrando contra a janela do carro e disse calmamente.

— Tente abrí-la agora.

O empurrão forte fez que se formasse um hematoma no canto direito da minha cabeça, eu me sentia tonta enquanto aquele sangue me molhava por todo o rosto.

— Você me deixa doente. — falei como das outras vezes, mas agora com um pouco de deboche em minha voz.

— Por favor, acabe com essa conversa. — ele disse jogando o cigarro para fora do carro e voltou a mão em seu volante.

— Enquanto você fala, eu morro. — disse Zaly, tonta com o sangue escorrendo para baixo de seus olhos, perdendo a cabeça com a voz do gêmeo. — Sempre que você fala algo, tenta me matar sempre que possível!

— Me diga sobre suas vontades. Já tentou matar alguém antes? — ele puxou o assunto, ignorando completamente oque eu tinha falado.

— Eu falo uma coisa e você me pergunta outra — a menina tentava secar o sangue do rosto com a manga da sua blusa. — Por favor, apenas pare com isso.

— Você não é quem me diz oque devo fazer — ele olhou pelo retrovisor, vendo Tom em seu carro correndo logo atrás de Bill.— Merda.

Bill puxou o freio de mão rapidamente, fazendo o carro parar imediatamente.

ғᴀʟʟᴇɴ ᴀɴɢᴇʟ  | ʙɪʟʟ ᴋᴀᴜʟɪᴛᴢOnde histórias criam vida. Descubra agora