2° temporada (07)

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Olhei para Bill outra vez que me encarava com um sorriso ladino, como se soubesse que eu teria que aceitar de qualquer jeito, mesmo que eu não quisesse. Talvez seja melhor assim, eu vivendo me escondendo por aí com meus "amigos", se é que eu devo chamá-los assim.
Voltei a atenção para o lado, vendo Verônica morder a ponta de um lápis, me encarando, buscando por respostas apenas com aquele olhar de deboche.
Eu não estava nem um pouco satisfeita com o jeito que ela estava me tratando. A cada risada que ela soltava apenas para mim naquela sala, me deixava enlouquecida.

— E se eu não aceitar?

Tirei as mãos do rosto, me encostando na cadeira e olhei para Verônica que ria silenciosamente olhando para o chão.
Ergui as sombrancelhas como se aquela escolha fosse um desafio muito grande para a minha consciência, e era.

— Você quer ficar trancada aqui para sempre, Zaly? — Tom perguntou-me e eu levemente acenei como um "não" com a cabeça. — Eu imaginava.

Estava novamente no escritório de Ben Galloway, ou melhor, Bill Kaulitz, observando outra vez uma fileira de minicactos.

— Vamos conversar, Mila — ele se ajeitou na cadeira, colocando as mãos em cima da mesa e olhou para a minha pupila, que dilatava. — Como você se sente esta noite? — ele perguntou.

— Muito bem — respondi suspirando, claramente tentando parecer confortável.

— Que bom, Mirella.

Ele parecia muito satisfeito, por mais que aquele nome trouxesse-me incômodo.
Ele me passou a certidão de nascimento, o passaporte e o passe escolar.

— Por favor, não os rejeite. Certifique-se de colocá-los em algum lugar seguro, há algumas pessoas estranhas aqui.

Ele riu da piadinha.

— E pelo visto você é uma delas. — falei baixo, olhando pelo chão.

Bill suspirou e se reclinou, pegando uma caneta e girando-a entre os dedos.

— Estou vendo que vai ser um processo longo e arrastado, Mila.

— Porque você não me deixa sair daqui? — sugeri.

— A razão é que você não pode. — o mais novo respondeu, olhando-me nos olhos.

— Eu nunca mais vou desejar ver seus olhos me olhando dessa maneira, está me comendo viva — falei me levantando da cadeira, até que Verônica me puxou devolta. — Me solta, garota!

— Solte-a. — Bill ordenou e a garota obedeceu, olhando torto para o moreno.

No mesmo segundo, minha cadeira foi puxada para mais perto da mesa dos gêmeos, então Tom mandou-me ir até ele, e assim eu fiz.
Levantei-me da cadeira, indo ao seu lado. Onde ele fingiu falar algo importante no meu ouvido, enquanto eu sentia algum objeto dando leves batidas na minha coxa. Olhei para baixo, avistando uma arma que o mais velho estava me entregando.

— Use com sabedoria. — ele disse no meu ouvido, e quando encostei na arma, enfiei-a embaixo da camiseta e me sentei novamente.

— Bem, então é o seguinte. Vamos sair daqui a pouco, e você vem junto. — Bill disse se levantando, pegando uma mochila e me entregando.

Eu não fazia ideia do que havia dentro daquela mochila, mas eu também não estava interessada em saber.
Apenas recolhi-a e coloquei nas costas.

— Eu não quero fazer isso.

— Você vai. — Bill disse se aproximando.

— Eu não quero você me rodeando. — falei com rapidez na voz, querendo acabar com aquilo rápido.

— Então diz que não me quer por perto — ele se aproximou, pegando em minha mão esquerda, cruzando-a com a do mesmo. — Mas diz olhando nos meus olhos.

Com uma tensão no ar. Parecia que estávamos há meses em uma batalha sangrenta, mas nenhum de nós parecia estar ganhando. Eu me perguntava como nós pudemos ter chegado a esse ponto, já que um dia fomos amigos próximos.

Senti minha respiração se intensificar enquanto o garoto  se aproximava. Ele sabia que esse era o ponto de virada da batalha, eu precisava decidir se ia continuar a briga ou se ia me  entregar aos seus sentimentos. Mas, mais importante do que tudo,  precisávamos decidir se estavam dispostos a arriscar tudo.

— Eu te odeio, Kaulitz.

Eu disse friamente, sem nem interrupções ou lágrimas no rosto. Ao me lembrar do passado, cujo falou mais alto. Eu não poderia perdoá-lo, ele matou a pessoa que eu mais confiava, mesmo que tenha uma enorme diferença de vida contra eu e Bill.

Soltei a mão do moreno, caminhando até a porta, onde abri a mesma e saí pelo corredor, andando rapidamente enquanto escutava passos pesados atrás de mim, e logo em seguida a porta foi fechada com força.
Escutei a voz de Verônica gritar pelo corredor, e foi quando virei-me para trás, vendo a garota com uma faca em sua mão, apontada para o meu rosto. Ela continuava parada, e no mesmo momento eu tirei a arma do bolso, apontando para a cabeça da morena.

— Pra trás, vadia.

eu disse ainda com a arma na mão, enquanto a mesma levantava as mãos para cima em forma de 'rendimento', abaixei a arma e segui o meu caminho.

Andei rapidamente até a recepção, onde cortei os fios de ligação, quebrei computadores e todos os tipos de objetos que faziam comunicação.
Após isso, escutei Bill gritando pelo meu nome e sem tempo, senti a dor no estômago que me fez encolher ali mesmo.
Minha visão foi ficando escura, quando me lembrei da bebida que tinham me oferecido mais cedo na sala.

Filhos da puta..

Eu disse antes que meu corpo perdesse a força e se batesse contra o chão.

ғᴀʟʟᴇɴ ᴀɴɢᴇʟ  | ʙɪʟʟ ᴋᴀᴜʟɪᴛᴢOnde histórias criam vida. Descubra agora