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Zaly Hoffmann

Já tinham passado alguns dias, estávamos todos desesperançados.
Tom não conseguia olhar para o caixão de Bill sem chorar, então o deixaram fechado.
Ninguém conseguia olhar para o rosto do garoto pela última vez. Apenas tom, que ficou o dia todo chorando em cima do caixão.
Eu tentava consolar o garoto, mas eu não conseguia. Todas as vezes que eu tentava, ele chorava mais ainda.
Me afastei do menino, indo até Âmbar, que tinha seus olhos vermelhos por não conseguir dormir á noite. Não estávamos assim apenas por Bill, mas estávamos também pelo Hiago, que se despediu sem dar tchau.

Eu não estava ficando bem frequentando aquele lugar, então saí de lá, indo para casa, me jogando na cama e comecei a chorar com a cabeça entre as pernas.
Peguei uma folha do meu caderno, escrevendo tudo oque eu estava sentindo naquele papel.
Tirei o isqueiro do bolso, queimando a folha e deixando apenas as cinzas. Coloquei ela dentro de um pote e joguei no lixo.

[...]

Já tinham se passado semanas em que Bill tinha falecido, e tom estava entrando em um grande problema de não querer sair de casa, não querer comer e não sair do quarto.

Levantei do sofá onde eu estava deitada, indo atender o telefone que estava tocando, e recebi uma chamada de Tom, que dizia.

— zaly, consegue aparecer aqui em casa? — ele disse e eu concordei.

Fui para a casa do mesmo do jeito que eu estava, eu já não me importava mais com a aparência.

Chegando lá, fui atendida por tom, que me recolheu para dentro, me mandando sentar no sofá, pois queria depositar ideias.

— vamos em uma festa que vai rolar aqui perto? Por favor. Fiquei muito mal pelo Bill, preciso esvaziar a cabeça e me divertir um pouco. — disse Tom.

— que horas, exatamente?

— de noite mais ou menos.. umas 11h por aí — ele respondeu.

Após isso, ficamos conversando sobre outros assuntos. Eu tentava fazer ele rir, e tentar tirar aqueles pensamentos da cabeça do garoto.
Ele parecia abalado, mas tentava não parecer. Eu o entendo muito bem, pois eu também não conseguia comer direito todos os dias, estávamos quase em quites.
Fizemos de tudo naquele dia, jogamos videogame, comemos um lanche, fomos ao cinema, e fiz de tudo para agradar ele, mas o pensamento sempre vinha a tona denovo. O silêncio é de matar.
Chegamos em casa era 10h da noite, quando tom resolveu ir para a festa mais cedo, e me mandou vestir as roupas dele mesmo, já que ele não se incomodava e eu também estava com preguiça de ir pra casa.
Subimos no quarto do garoto, onde comecei a experimentar várias roupas, e ele avaliava.

— essa? — apareci com uma longa calça jeans, e a camiseta branca com uma caveira no centro que ia até abaixo da minha cintura. E denovo, ele fez cara de nojo e mandou eu experimentar outras.

— essa então? — eu perguntava outra vez.

— não! Você ficou ridícula nessa — ele bufou e eu mostrei os dedos.

Após um longo período, eu diria MESES, porque ficamos tanto tempo escolhendo que já tinha dado 11h.
Saí do banheiro exausta de tantas roupas que eu estava vestindo, até que ele me olhou com um olhar de aprovação e eu respirei fundo, abrindo um sorriso.

— você ficou linda! Mas..

Ele já iria fazer uma reclamação, apenas peguei uma camiseta que estava em cima da penteadeira e joguei na cabeça dele, fazendo o menino rir.

— mas nada, eu vou ir assim mesmo — ajeitei meu cabelo na frente do espelho.

— pretende ter horário pra voltar? — ele perguntou.

ғᴀʟʟᴇɴ ᴀɴɢᴇʟ  | ʙɪʟʟ ᴋᴀᴜʟɪᴛᴢOnde histórias criam vida. Descubra agora