Burning In Hell: A Rainha do Inferno (Livro II)

Capítulo 16 - A escolha é sua

Louise

– O quê?

Recuperando o fôlego, eu intercalo olhares entres os lábios e os olhos de Aren. Não posso deixar isso acontecer, que ele me beije... Por mais que isso seja a coisa que eu mais quero. Há tantas coisas que me impedem de querer isso, mas a mais importante delas é minha irmã. Não importa se passaram meses desde que Scarlett me contou – ainda não tive coragem de perguntar sobre isso, nem sei se um dia terei –, ainda me lembro da dor cortante no meu coração. Ele mentiu naquele dia, disse que nem lembrava dela. E além do fato de ele ser... ele. Não posso querê-lo.

Mas parece que meu corpo traidor não entende isso, porque, em cada palavra que ele dizia na minha mente – que, vale ressaltar, eu estava fingindo ignorar –, minhas veias se contraiam. E foi por isso que eu consegui atacar algumas vezes. Pelo menos tentar, né.

Seus olhos cor de ônix se estreitam, me fazendo lembrar que ainda espera uma resposta. Uma que, eu já havia decidido há alguns dias, só não tive como dizer para ele porque... não estávamos nos falando. E eu esperava que continuasse assim, na verdade, embora eu soubesse, embora eu saiba que minha vida é aqui de agora em diante e não há como ignorar o Rei do Inferno para sempre.

– Eu não... – Inspiro e expiro como ele me instruiu no início do treino. – Pode sair de cima de mim, por favor?

– Se quer que eu saia, me tire você mesma. – Seu olhar não revela nada além da compreensão de que eu realmente conseguiria fazer isso se quisesse.

Quase retorço os olhos.

– Acho que já terminamos o treinamento por hoje, não?

– E eu acho que você está me enrolando e perdendo tempo. Vamos, me tire daqui, use aquele ódio, como você diz sentir por mim, e me jogue para longe.

– Você sabe que eu não consigo. Seu corpo é muito mais pesado que o meu.

– Não é o que aquele quase soco me diz. – Aren se ergue só um pouco, inclinado os joelhos no chão e erguendo ainda mais os quadris... Qualquer um que entre nessa sala iria pensar coisas muito erradas se nos visse nessa posição. Um leve movimento seu faz uma parte bem dura dele roçar contra meu abdômen. – Me tire de cima do seu corpo e nós conversaremos sobre a idiotice que você falou segundos atrás.

– Não é idiotice, eu não quero...

– Me. Tire. De. Cima. De. Você. Louise.

Dilatando as narinas, eu sinto formigamentos frios percorrerem meu corpo enquanto eu o forço, tentando fazer o que fiz minutos atrás quando inverti a posição em que estávamos. Mas não consigo me mover um centímetro do lugar. Não sei o que motiva minha força, mas não está funcionando agora.

Fecho os olhos devagar e me concentro no quanto ele já me enganou e mentiu, no quanto me fez fervilhar de raiva... no quanto seu beijo me leva a queimar... em quando me trouxe contra minha vontade para o inferno... nas vezes em que me fez gemer... em quando fez meu melhor amigo ter repulsa de mim. Volto a abrir os olhos e ignoro a expectativa no seu olhar quando impulsiono seu corpo contra a gravidade e giro minha perna esquerda em uma manobra que faz seu corpo voltar a ficar debaixo do meu.

Como fiz isso? Não faço a mínima ideia. Parece que Ravena tinha razão em relação a força que eu supostamente teria com o sangue de demônio no meu corpo. O que não deveria me deixar tão admirada e ansiosa por mais. Na verdade, tudo nesse mundo me deixa com um gostinho de quero mais. Eu sempre quero algo a mais, isso é fato. Desde que cheguei aqui, involuntariamente ou não, venho tentando descobrir mais sobre Aren. Algo que, obviamente, eu não deveria querer ou continuar querendo.