Capítulo 42 - Eles pegaram ela

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Devil


Nem lembro a última vez que precisei caminhar por tanto tempo para chegar à algum lugar. A extensão dos Portões do Inferno é algo que eu domino desde muito, muito tempo.

Os Desertos Esquecidos não são tão distantes assim, mas ir andando... Louise, pelo contrário, não parece estar tão aborrecida como eu. Não faz mais de meia hora que partimos com poucas coisas em uma bolsa, porque, afinal, não queremos chamar muita atenção. E exatamente por isso Ravena e Beatrice ficaram vinte minutos para atrás.

A Torturadora se ofereceu para ir, horas mais cedo, e eu considerei. De certa forma, eu as trouxe para ficar de olho em Beatrice. Sei que, em uma hora ou outra, ela vai acabar aprontando algo, e eu vou estar perto para poder cumprir minha promessa de desmembrar seu corpo por inteiro. Certamente Ravena sabe o motivo de eu ter permitido que as duas viessem, enquanto Zion e Alec ficaram no Hell. O último, vale ressaltar, protestou por cinco minutos sobre querer vir, mas, com um cochichado de Louise sobre algo relacionado a líder dos Serpente, ele pareceu ficar contente em me representar no Ardens durante esses dias enquanto o diabo teve um compromisso mais urgente.

Tenho certeza de que o novo líder dos Monroe vai tentar interpelar o Caçador com muitas perguntas, mas sei que, devido aos últimos acontecimentos, ou melhor dizendo, ao último líder do seu Clã, não vai insistir quando Alec o lembrar de como o irmão morreu. Levou menos de cinco minutos para que eu repasse as instruções para Alec.

Louise não falou muito durante esses minutos, mas sei que está inquieta. Ainda não tenho certeza sobre o motivo, mas espero que ainda não seja sobre... a razão pela qual matei o Clã de Lion, anos atrás. Não suportaria se ela sentisse... pena de mim. É exatamente por isso não contei antes. Podia suportar os julgamentos sobre eu ser cruel e todas essas merdas que o diabo é nomeado, mas pena... Eu não quero essa porra, não suportaria essa merda.

Por essa razão Louise não pode saber o motivo secreto de estarmos indo para o Calabouço das almas. Em parte, é sim para sabermos mais informações sobre Baylor e por que ele me queria morto – e Louise –, ou até se está trabalhando com alguém, mas também preciso ter certeza que Reagan continua naquele fosso. Todos os acontecimentos apontam para que não, mas... Não é esperança que move meus pensamentos, mas uma inquietude dentro da minha essência. Eu não poderia olhar para aqueles malditos olhos castanhos outra vez. Eles me atormentam a cada maldito segundo da minha existência. Reagan precisa estar naquele fosso.

Acalmo minha respiração.

Louise parece perceber meu vacilo, porque se inclina na minha direção. Ela usa uma calça legging, para facilitar a caminhada, e uma camisa também com um tecido mais fino. Entretanto, sugeri que trouxéssemos roupa de frio. O deserto tende a ser muito frio a noite. Embora eu possa muito bem aquecer nossos corpos com minhas chamas.

– O que foi? – ela pergunta, agitando as sobrancelhas.

Flexiono os dedos dos pés dentro da bota.

– Nada. Quer dizer, eu que deveria perguntar isso. Você está tão calada. Aconteceu alguma coisa?

Ela hesita.

– Nada. – Uma pausa. Um suspiro. – É que... desde que... você, que eu ergui o escudo...

– O que tem?

Sua cabeça oscila para o lado, como se ela não quisesse olhar nos meus olhos. Talvez constrangimento?

– Eu não... Tudo ficou silencioso.

– Como assim? – Diminuo os passos, igualando nossos corpos.

– Quer saber? Esquece, não acho que seja...

Burning In Hell: A Rainha do Inferno (Livro II)Onde histórias criam vida. Descubra agora