Capítulo 40 - Você gosta daquela fêmea?

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Devil


– Quem?

Espreito o rosto confuso de Louise, os lábios inchados por causa do beijo que acabamos de dar... Ah, deuses, eu precisava daquilo, precisava dela. E aquele abraço. Porra, nem lembro a última vez que alguém me abraçou. As lembranças estavam me levando a um lugar onde eu não queria estar. Mas aí ela me beijou. Então eu me acabei nela. Naqueles ofegos, no coração acelerado dela. Eu estava me desfazendo.

Interrompo meus pensamentos com a sua expressão. Louise ainda espera uma resposta. Faço menção em responder sua pergunta, mas um ruído atrás da porta me impede. Alguém tenta abrir a porta, mas obviamente não consegue. Minhas sombras praticamente nos trancaram aqui.

– Acho que são os Clãs – Louise elucida, também escutando o som atrás da porta.

O salão também é onde os Clãs fazem todas as refeições, já que é o cômodo que comporta mais demônios. Mas não imaginei que teria alguém acordado a essa hora.

– Precisamos sair daqui. – Caminho para próximo de algumas mesas no final do salão e pego algumas frutas e doces. Volto com as suas mãos cheias, seu olhar ainda mais confuso. – Segure em mim, Meu Anjo, por favor.

Sem mais perguntas, ela o faz. Então eu abro uma Fenda e nos levo até a Biblioteca da Magia. O lugar com mais privacidade que eu consigo pensar no momento.

Quando chegamos, eu coloco as comidas em cima de uma mesa pequena. Há várias ao redor, mas essa em específico está com alguns livros sobre o mármore. Estudo os títulos. Demônios dos Sentimentos: Origem e Queda. Adfectus: A Morte entre os Sentimentos. Fisiologia dos Demônios dos Sentimentos. E outros sobre o mesmo assunto: Demônios dos Sentimentos.

– Pra quê tanto livros sobre esses demônios odiosos? – Só a lembrança de quando um Adfectus atacou Louise naquela caverna me faz cerrar os punhos.

Agarro uma rosquinha e mastigo. Louise faz o mesmo, mas noto quando ela limpa a garganta antes disso.

– Não faço a mínima ideia.

Algo no modo como ela fala me faz acreditar que ela tem uma teoria, mas não insisto. Até porque não foi para isso que a trouxe aqui, longe de todos. Suspiro firme e começo, depois de me recostar em um dos braços da cadeira acolchoada.

– Reagan... é um demônio conhecido de todos. Além de ter matado minha mãe. – Minhas emoções oscilam nas lembranças do momento exato em que vi o coração dela ser arrancado e nos olhos de Louise, que tomam aquele azul-brilhante em cima do castanho-claro.

– Acha que ele... que Reagan trouxe Dylan para cá?

– É bem mais complicado que isso, na verdade. – Aperto meus dedos nas costas da cadeira depois que fico de pé atrás dela. – Reagan... Scarlett e ele tinham muitas semelhanças se parar para pensar. Apesar de que ele nunca deu indícios de que queria governar algo como Scarlett queria.

Louise dá uma mordida em uma maça, parecendo pensar algo.

– Mas por que ele faria isso? O que ele ganharia trazendo Dylan para cá?

– Eu não sei, mas... – Droga, ainda não achei aquele maldito. Será que finalmente está morto? – Eu prometo que vou encontrá-lo, Meu Anjo.

Suas sobrancelhas se juntam por um segundo apenas, como se estivesse tentando entender o que estou falando, mas logo as erguem, murmurando baixinho:

– Ah, eu já encontrei ele. Bem, ele me encontrou, mas não vem ao caso.

– O quê?

Antes de responder, Louise se senta em uma das cadeiras, mais despreocupada e devora um bolinho recheado.

Burning In Hell: A Rainha do Inferno (Livro II)Onde histórias criam vida. Descubra agora