Capítulo 11 - É óbvio que eu estava com ciúmes

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Louise


Acho que estou começando a entender Aren.

Desde o momento em que ele saiu do meu quarto, ontem, minha cabeça vem girando e girando, buscando entender o que se passa na cabeça dele. E parece que cheguei a uma conclusão. Ele quer que todos tenham uma visão dele como tirano e insensível – sim, ele é isso, mas, ao contrário do que estive acreditando esse tempo todo, o diabo não quer e nem espera um resgate. Ele é cruel e desprezível e nunca deixará de ser assim.

A forma com que ele falou ontem, a rigidez e dureza do seu tom como nunca havia usado comigo, só serviram para comprovar isso.

E o que isso tudo quer dizer? Que é oficial, ele e eu não podemos ter nada. Porque eu nunca me orgulharia de dizimar pessoas ou demônios. Não sentiria prazer em torturar qualquer que seja o ser. E a forma como seus olhos brilharam quando Lion me contou sobre o que seu povo sofreu era genuína.

Eu era uma idiota. Uma idiota por ainda procurar algo de bom nele, por tentar encontrar algo que me fizesse esquecer as coisas que eu sabia sobre ele. Porque sempre quando eu descubro algo de bom, sempre que eu consigo um mínimo espaço para entrar, ele se fecha e se entoca na bolha diabólica dele.

Como eu poderia estar com alguém assim?

É fato que meu corpo sente atração por ele, mas... nada pode acontecer entre nós. Muito menos aquela barbárie que quase ia acontecendo no corredor...

Cerro o maxilar, lembrando das coisas que Aren disse. Ele queria que eu tivesse ciúmes dele, algo que, claramente, não estava funcionado. Mas se ele pensa que eu vou cair no joguinho dele, está muito enganado.

Não estou com raiva dele. Estou furiosa. Suas palavras ainda se repetem a cada maldito passo que dou. E, embora eu saiba que ele mentiu sobre... Eva, não consigo tirar da minha cabeça a imagem deles dois fazendo... o que ele e eu já fizemos.

Como eu disse, uma idiota. Sou uma burra idiota que não consegue enxergar o que está bem na sua frente. E é exatamente por isso que preciso sair daqui. Minha cabeça não consegue ficar em silêncio. Parece aquelas vezes quando eu era criança e tinha aqueles episódios de esquizofrenia. Como se tivesse várias pessoas ao redor, gritando e implorando para a dor parar. Os pensamentos giram e giram como se estivessem perdidos e buscando um equilíbrio. Não sei se isso tem a ver com o fato de eu ser... aquilo, mas preciso que eles parem de me torturar dessa forma. Minhas mãos não conseguem ficar quietas, assim como minhas pernas, que estão em movimento desde que acordei. Não que eu tenha dormido de fato, apenas me deitei na cama com a merda desses pensamentos que estavam prestes a congelar. Quase não há mais unhas para roer, então preciso sair daqui para não as perder.

Me ergo da cama e caminho até o quarto de Zion. Espero mesmo que ainda não esteja dormindo.

– Sim? – ele murmura, depois que eu bato hesitante na porta de madeira.

– É... hum... Sou eu. Louise.

Ele faz uma pausa muito longa, como se estivesse digerindo a situação, ou certamente tentando entender por que estou na porta do seu quarto a... Olho para a janela. Talvez nem seja sete da manhã ainda.

– Sim? – ele repete, agora muito mais cauteloso.

Abro a boca um zilhão de vezes antes de pedir.

– Posso pedir algo? – Ah, pelos deuses, Louise. – Quer dizer... gostaria de pedir uma coisa.

Ele ainda permanece em silêncio, como se estivesse buscando realmente compreender se eu estou mesmo na sua porta ou se é um sonho – pesadelo, claramente –, então insisto:

Burning In Hell: A Rainha do Inferno (Livro II)Onde histórias criam vida. Descubra agora