Capítulo 35 - Eu acho que eu quero comer você agora mesmo

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Louise


– O quê?

Só pode ser isso. Embora haja várias faixas brancas ao redor das minhas duas pernas, eu não consigo sentir nada. Sim, consigo mexê-las, mas nenhuma dor, nenhum indício do que aconteceu há...

– Há quanta tempo estou aqui?

Alec pisca outra vez, parecendo mais sem palavras do que eu. Ele veste roupas diferentes da última vez que eu o vi, então imagino que tenha se passado um dia, pelo menos.

– Hã, é... Três dias. Aren estava aqui antes, mas teve que sair para resolver algo sobre o Ardens.

Assinto. Ele estava aqui. Ignoro a sensação estranha no meu peito ao murmurar para o demônio:

– Mas, voltando ao assunto, você é mesmo um...?

– Não sou, não. Eu saberia se fosse.

Me lembro vagamente sobre ele explicar que as tatuagens se movem no corpo dele quando os sentimentos estão sobressaltados.

– E as suas tatuagens? – Ele estreita os olhos, cruzando os braços sobre a camisa sem mangas, e eu explico: – Você me disse...

– Ah. – Ele faz uma pausa, olhando para o chão, como se estivesse juntando as peças, mas balança a cabeça em seguida. – Acho que não. Os Demônios dos Sentimentos não têm forma física corpórea, e, como você está vendo – ele aponta para o corpo com as duas mãos –, eu tenho um perfeito e gostoso corpo que fêmeas do inferno todo se prontificam para usar de várias formas. Então acredito que eu seja só um demônio comum.

– Um demônio comum conseguiria aliviar minha dor?

Alec inspira, erguendo as mãos.

– Nem sabemos se eu fiz isso mesmo. Até onde a gente sabe, o sangue de demônio no seu organismo que curou você.

– De fato. Mas não me recordo de Aren dizendo que ele também consegue aliviar a dor.

Seus cabelos castanho-claro escorregam pela sua testa conforme ele parece pensar sobre o assunto.

– Porque não alivia. – Outro suspiro. – Eu não sei, talvez tenha feito isso, mas... Eu não sei. – Tento me levantar do colchão para ir na sua direção, mas ele logo está ao lado da minha cama. – Melhor ficar deitada, não sabemos se ainda está totalmente curada dessa... queda. Falando nisso, eu não sabia que você tinha asas. Outra notícia que fiquei sabendo por último. Parece que realmente não sou o preferido.

A tensão entranha vai se dissipando no ar enquanto eu repuxo os lábios.

– Ravena também não sabe. Não sabia, pelo que imagino. E Zion só soube porque Aren pediu para ele me ensinar como usar elas. E ele... bem, Aren viu na minha mente, não consigo esconder nada dele enquanto ele tiver livre acesso aos meus pensamentos.

– Então é mais grave do que eu pensei. Você não ia contar a nenhum de nós? E o que aconteceu como sermos uma família e nos amar?

Abro a boca e fecho em seguida.

– Eu... Na verdade, eu nem acreditava mesmo que tinha, pensei que tivesse sido apenas mais ilusões da minha mente.

– Mas não era.

– Não – concordo, com um suspiro pesado.

– E você voo pelos céus. Pelos deuses, foi incrível? Até antes de você cair, pelo menos.

Aceno.

– Foi... mágico. Eu senti o vento bater no meu rosto, as nuvens, consegui ver o horizonte... Foi incrível.

Burning In Hell: A Rainha do Inferno (Livro II)Onde histórias criam vida. Descubra agora