Devil
– Então é assim que o diabo nos dá as boas-vindas depois de anos sem nos ver? – Alexis, o mais irritante dos irmãos Monroe, embora Roe também não seja lá essas coisas, resmunga, tirando ainda mais minha paciência.
O irmão gêmeo bufa uma risadinha, arrancando um rosnado interno que aprofunda minha garganta.
– O que esperava, irmão? O demônio que se recusou a entrar naquele ringue de luta até a morte nunca nos receberia com presentes e sorrisos.
– Cuidado – um único aviso para que ele não perca a linha e acabe perdendo a cabeça junto. – Estamos no Ardens, mas isso não me impede de matar se eu estiver com vontade.
O demônio se encolhe de leve, parecendo procurar algo em meu cinto. Hell Blade. Nenhum deles sabem que ela se desintegrou quando eu a usei em Louise meses atrás. E nem irão descobrir, embora eu possa arrancar o coração do que tentar me desobedecer.
– Não será necessário usar violência nesse Ardens – ouço a líder dos Ossos Dourados murmurar suavemente. Akira sempre foi a mais sensata dos quatro. Talvez por ser a mais jovem no comando dos Clãs, depois de Eva, que tomou a liderança há alguns anos, quando eu matei seus pais. – Todos já passamos por crueldade demais, acho que podemos apenas celebrar essa festividade como demônios civilizados.
Não digo a ela que somos qualquer coisa, menos civilizados, apenas assinto, tentando me mostrar indiferente ao assunto.
Quem também concorda com Akira é o líder do Clã do Norte:
– Akira tem razão, vamos apenas celebrar.
– Celebrar a crueldade de alguns demônios. – Com a serpente negra circulando seu pescoço, Eva ergue uma taça espumante, me fazendo grunhir baixo. – É inegável a natureza de alguns deles.
O primo murmura algo no seu ouvido, certamente a alertando, mas a fêmea não lhe dá ouvido enquanto estufa o peito, como se dissesse que não vai se curvar a ninguém, nem mesmo ao diabo. Isso me faz abrir um leve sorriso. Talvez porque é a mais nova a assumir a liderança de um Clã, Eva acha que não há uma hierarquia no inferno que abranja até mesmo as suas malditas terras.
– De fato. – Aceno brevemente, com um sorriso mordaz no rosto, erguendo a minha taça ainda com a mesma quantidade de bebida de minutos atrás, o que só deixa a fêmea ainda mais irritada. – À crueldade de demônios como nós.
A serpente fica tensa enquanto ela rosna, mas Akira tenta intervir, mudando de assunto:
– Onde está a Rainha? Gostaríamos de conhecer Louise. É esse mesmo o nome dela?
– Suposta – Alexis corrige, com um certo divertimento no rosto.
Chamas dançam pelos meus olhos, pelas minhas veias, pelos meus dedos. Estou pronto para incendiar qualquer um com simples respirar. Não faço isso, entretanto. Louise se decidiu por não carregar esse posto nas costas, então não posso responder por ela, ou ao menos reafirmar que ela é a Rainha, embora, de fato, ela seja.
– Sim, ela se chama Louise.
– E onde está ela? – o macho arrogante incita. – Provavelmente se escondendo, eu imagino.
Não ouso olhar por cima do ombro de Alexis. Há minutos, talvez horas, Louise está sentada ao lado daquela mesa de petiscos. Talvez ela ache que eu não consigo a notar na sétima taça de champagne porque é muito pequena entre as toalhas das mesas, mas não há um lugar sequer em que eu não consiga encontrá-la.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Burning In Hell: A Rainha do Inferno (Livro II)
RomanceSe você não leu o primeiro livro da Trilogia, não leia essa sinopse: Contém spoilers. Depois de acordar do Sono Profundo, Louise descobre que agora é a Rainha do Inferno. Algo que, a assusta e a faz precisar de um tempo no Mundo dos Humanos para pen...