Capítulo Extra - Alec

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Alec

Minhas pernas se contraem de dor quando inclino as costas na cabeceira da cama. Ah, que merda. Estou fodido pra caralho. Mesmo dias após acordar ainda sinto como se tivesse quebrado as pernas. Mal consigo mexê-las, mas, pelo menos, não as perdi de fato. Ficar sem andar não seria o fim do mundo comparado a merda que está acontecendo – ou melhor, que aconteceu –, mas não gostaria de perder a habilidade de me locomover. E trepar, claro. Seria uma perda que eu não desejaria nem para o meu pior inimigo. Não que isso tenha relevância nesse momento, mas é um ponto importante.

Aren está morto. Pelo menos o corpo. Não vi quando aconteceu, estava desmaiado. Mas Ravena e Zion me contaram, dois dias atrás. E não tive tempo para derramar uma lágrima porque em menos de segundos os dois me deram esperança de que ele ainda podia ser salvo. E é nessa esperança que eu venho me agarrando para não desmoronar nesse quarto. O tédio é quase ainda mais torturante do que pensar que Aren não está aqui. Uma clara mentira. Mas saber que há um lugar onde ele possa estar me traz um certo conforto. Então venho tentando concentrar minha frustração no tédio. Sozinho nesse quarto, não há para quem dizer o quanto estou devastado e precisando foder alguém. Eu sei, sou o demônio mais desprezível que há nesse inferno. Mas é a única coisa que me faz relaxar em meio a tensão. E, nesse momento, nesses dias, estou tenso pra caralho. Ninguém diz nada, ninguém ao menos vem me ver. Não vejo Ravena há dois dia, quando me contou sobre A. Também não vi Zion depois disso. Os únicos que vi foram Soren e Akira, que veio saber como eu estava. Contive a frustação em entender que não era a líder dos Ossos Dourados que eu esperava ver. Resumindo, estou na merda. Não tenho com quem desabafar – não que eu fosse o fazer –, não tenho com quem trepar. Estou em uma completa merda.

Relaxo os músculos tensos do meu corpo. Minha respiração também. Olho ao redor do quarto. As paredes de obsidiana me encaram de volta. E a frustação só aumenta. E, ainda por cima, Soren esqueceu a porta aberta. Que ótimo. Preciso me levantar. Mas não consigo me levantar. Um completo inútil. Não consegui salvar o A. Não consegui salvar a Dinah. E não consigo ao menos me erguer da porra dessa cama.

– Ei – grito para a sombra quase correndo em frente o corredor do quarto. – Pode fechar...

Me interrompo quando vejo de quem se trata. Enrijeço. E não sei se de surpresa, euforia ou medo.

Engolindo em seco, Eva parece considerar se se move para entrar no quarto ou para ir embora. Provavelmente a segunda opção, não há motivos para que ela... Bem, ela entra. E ainda não decidi sobre a causa do meu estremecimento.

– O quê? – sua voz sai totalmente cautelosa, assim como o corpo. É como se, embora tenha entrado do quarto, ainda não tivesse certeza do porquê fez isso. E muito menos eu.

Pigarreio baixinho.

– Só ia pedir para fechar a porta. Acho que... Soren esqueceu de fechar quando passou da última vez.

– Hum. – Há uma pausa. Ainda não tenho certeza sobre sua reação. E muito menos sobre sua pergunta: – Como você está?

Pisco, totalmente surpreso. Ela... realmente fez a pergunta, ou foi minha mente fértil?

– Hum, eu... e-eu – engulo o que há de saliva na minha boca, ou seja, nada –, estou bem. Eu acho. Quer dizer, estou vivo, né.– Minha tentativa de humor não funciona, é óbvio. A líder dos Serpentes não ri. Nem eu. Tento de novo: – Sim, eu estou bem. Sinto dor em algumas partes das minhas pernas, mas estou curando rápido.

Os ombros dela, embora ainda erguidos, relaxam um pouco. É muito rápido, mas consigo notar.

– Que bom, então. – Isso é Eva sendo gentil. E é raro, bem raro de ser ver.

Burning In Hell: A Rainha do Inferno (Livro II)Onde histórias criam vida. Descubra agora