Capítulo 43 - Você trabalha para ele, né?

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Devil


– Eu vou quebrar todos os seus dentes depois que arrancar o único olho que você tem, Beatrice. – Essa maldita deixou que Ravena fosse levada. Eu vou matá-la. – Vou experimentar seu sangue depois que não houver mais nada em você, quando ele estiver escorrendo pelo chão...

– Eu já disse que não consegui...

– Mentiras – rosno, ignorando o frio no estômago que o Fosso Infernal causa... Merda. Louise ainda está com o Cão do Inferno. – Louise...

– Ela está lá em cima. Eu já avisei a ela. – A ex-líder da Tríade engole em seco. – Ela também queria me matar. Mas eu juro, juro por tudo o que mais acredita, eu não consegui ajudar, eram muitos Cães, e aquelas Aranhas...

Pisco. Cães, tudo bem, o Cão deve ter os mandado para embocá-las, mas Aranha-Marinha? Nos Desertos Esquecidos? Como aqueles demônios vieram para o outro lado do mundo? E para quê?

Como se lesse a dúvida no meu rosto, Beatrice retruca, tirando os fios loiros do rosto ensanguentado:

– Também achei estranho, como aquelas Aranhas chegaram aqui? Ravena me inteirou dos ataques antes de virmos – ela explica, talvez enxergando minhas feições confusas. – Olha, eu juro, não tenho nada a ver com isso. Já expliquei tudo a Louise como aconteceu. Chegamos aqui antes de vocês, mesmo que a gente tenha saído depois, usamos um caminho mais curto, e quando chegamos aqui, fomos atacados por aqueles demônios. A gente tentou lutar, Ravena matou uns vinte daqueles Cães, mas quando as Aranhas apareceram... Ficamos com medo de que elas nos atacasse e nós... virássemos sardinha aqui mesmo, então corremos para o subterrâneo desse lugar. Mas estava tudo escuro, não conseguíamos ver nada, elas ainda estavam detrás da gente...

– Espera aí, está me dizendo que Ravena foi atacada pelas Aranhas?

Um alívio percorre meu corpo quando a fêmea faz que não com a cabeça.

– Eu implorei para não nos separamos, mas ela insistiu. E quando eu mudei de corredor, ele... ele levou ela.

Meu corpo congela.

– Quem? – minha voz tão cautelosa quantos meus olhos.

Beatrice engole antes de responder.

– Você sabe quem.

O ar me escapa enquanto dou um passo para trás. Não, não pode ser. Não pode... Aquele demônio é um monstro, ainda mais que do eu, ele não pode ter levado Ravena... Louise. Preciso de Louise agora. Não consigo sequer levar ar para os meus pulmões. Sinto que todo o ar foi roubado de mim, jogado contra essas correntes. Meus olhos veem a escuridão e meu olfato inspira os resquícios de carvalho que ainda há chão. Louise. Preciso de Louise. Apenas vê-la. Apenas ver seu rosto é o bastante, preciso...

– Ei – a voz de Beatrice me traz de volta ao mundo. De volta ao problema maior. Ravena. – Por favor, por favor, só me ajuda a trazer ela de volta. Eu não suportaria...

– Você. – Dou um passo pela escuridão, a própria girando em volta da minha íris como um furacão sem fim. Beatrice se encolhe. – Você trabalha para ele, né? Vem trabalhando esse tempo todo enquanto Ravena estava atrás de você e dos outros dois.

Beatrice se apressa, balançando a cabeça de um lado para outro. Atribuo seu rosto assustado ao fato de ter sido descoberta.

– Nunca faria isso. Não se soubesse que Ravena, por algum minuto, estaria em perigo. Olha, eu amo ela, sempre amei Ravena...

– Não – minha voz entoa como um rosnado entre as paredes tão alto que ela estreme. – Não use essa palavra com Ravena depois de tudo o que fez.

Vergonha queima o rosto da fêmea. Raiva queima o meu. Dou outro passo. Ela dá outro para trás.

Burning In Hell: A Rainha do Inferno (Livro II)Onde histórias criam vida. Descubra agora