Capítulo 13 - Só preciso ganhar tempo

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Louise


– Os professores da sua faculdade ainda estão em greve?

Desde que comecei a treinar com Ravena no ringue de luta da Casa do Fogo, não tive tempo para vir falar com Henry. E não só porque não tive tempo. Venho tentando evitar o garoto e a pergunta que ainda não respondi. A pergunta que obviamente só tem uma resposta. Um não. Eu não poderia namorar com Henry de forma alguma. Porque o único motivo que eu teria para fazer isso – se eu fosse fazer – seria para atingir Aren pelo que disse naquele corredor.

Sim, Henry é um garoto incrível e... bom. Não é cruel como o diabo ou como Ben. E é exatamente aí que está o problema – comigo mesma. Por que eu não posso simplesmente me interessar pelos caras bons? Não há nada que eu consiga sentir por Henry além de uma vontade de protegê-lo. Não sei se por temer que tenha o mesmo caminho de Dylan – parece que todos os garotos que eu me torno amiga, os poucos, tem um destino trágico de ser levado ao inferno –, ou por realmente me importar com ele. É claro que você se importa, Louise, ele te tratou bem...

– Você está me ouvindo, Louise?

Ergo o rosto no mesmo momento. Que droga, Louise, se concentra.

– Hum... é... Sim – respondo calmamente.

Henry se reclina no sofá-cama da sua sala de estar. Ele não parece tanto incomodado quanto deveria. Se eu pedisse alguém em namoro e essa pessoa não me respondesse, no mínimo eu me enterraria em um buraco e nunca mais sairia. Henry aparenta... confiança? Não, definidamente confiança não. Ele parece quase... esperançoso.

– Ah, não, sem problemas. Perguntei porque eu não te vi esses dias. Até fui na sua casa.

Enrijeço.

– Você o quê?

Talvez pelo tom grave, ele franze as sobrancelhas, como se questionasse a minha mudança de humor. Merda, ele não pode ter ido na minha casa. Meu pai acha que estou em outro continente agora. O que ele faria e o quanto surtaria se Henry perguntasse por mim e afirmasse que me viu semanas atrás, quando eu deveria estar estudando em uma faculdade no exterior?

– Fui... na sua casa. Mas ninguém atendeu. – Um suspiro de alívio escapa da minha boca nesse momento. – Fiz algo de errado?

– Não, não, é que...

– Você... não quer que eu conheça seu pai, é isso? – Ele endireita as costas, o olhar dividido entre a confusão e frustação.

– Eu, eu... – Droga, Louise, pensa. – Henry, eu...

– Porque se for – ele continua, ignorando meu alvoroço –, é só me dizer. Eu vou entender, não precisa se preocupar com isso.

Levanto a mão e a deixo cair, sem palavras. Não há como explicá-lo o porquê estou evitando meu pai sem falar sobre o que eu sou e com quem eu vivo agora... Não, definitivamente Henry não pode saber nada sobre o inferno, ele não estaria seguro lá e muito menos com Aren sabendo da sua existência. Preciso de uma mentira urgentemente.

– Henry, preciso te contar uma coisa, mas quero que não fique bravo comigo.

– Por que eu ficaria bravo com você?

– Só... promete.

Ele demora alguns segundos para assentir enquanto morde os lábios, como se buscasse um modo de me desvendar. Nem eu consigo isso, quanto mais você, Henry...

– Tudo bem. Não tem nada que possa fazer para que eu ficasse bravo com você.

Ah, tem muitas coisas.

Burning In Hell: A Rainha do Inferno (Livro II)Onde histórias criam vida. Descubra agora