Capítulo 8 - Como eu iria impedir a Rainha do Inferno de fazer algo?

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Devil


– O inferno inteiro já deve saber que você é a Rainha agora – digo para Louise, por fim.

Falei sobre a reunião com os Clãs das Terras Sombrias, e ela se manteve calada. Não disse uma palavra se quer, nem sei se realmente está escutando, porque seu olhar está preso em um ponto fixo na parede. Pelo menos até agora.

Devagar, ela ergue os olhos, e eu consigo ter um vislumbre do brilho que havia nele quando acordou do Sono Profundo.

– Eu sumo por uma semana e você espalha para o inferno todo que eu sou algo que nem sei ainda se quero mesmo ser?

Sem palavras, eu penso no que dizer.

– Meu Anjo, uma hora ou outra...

Uma semana, Aren. Não poderia ter me esperado voltar para ter feito isso?

– Eu... não achei que ia ficar tão... brava.

– Brava? – Ela se ergue da cadeira em frente à mesa de escritório, fincando os punhos na madeira com força o suficiente para quebrar. – Acha que estou brava porque o inferno inteiro pensa que eu sou algo que eu não sou?

Dou um único passo para trás, erguendo as sobrancelhas e encolhendo os ombros. Um único ruído de som me faz lembrar que não estamos sozinhos na sala. Desvio os olhos para trás de Louise e vejo Alec contendo um sorriso com a mão, sentado no divã.

– Eu vivi para ver alguém dando bronca no diabo – ele diz muito baixo no ouvido de Ravena, que também parece estar se divertindo com toda a situação.

– Somos dois, então.

Contenho um revirar de olhos somente porque Louise ainda parece esperar uma resposta minha. Tomo fôlego e começo:

– Sei que não conhece os Clãs das Terras Sombrias muito bem, eu não falei muito sobre eles, apenas que existiam, mas, Louise, Meu Anjo, quero que entenda que eles não são como os demônios do Hell. Infelizmente eles têm relevância para a coroa. Como eu havia dito antes, eles são naturais daquelas terras e muito antigos, então confie em mim quando digo que eles terem descoberto por mim as informações verdadeiras, foi a coisa mais sensata a se fazer.

Recuando a luminosidade no seu olhar, ela volta a se sentar na cadeira.

– O que isso quer dizer?

– Que eles não são os maiores fã da Realeza do Inferno – Alec responde por mim. – Muito menos de ter dois reis no trono.

– Eles... não me querem, é isso?

Meus olhos encontram os seus, e eu noto uma certa hesitação no seu rosto.

– Eles não têm outra opção a não ser aceitar. Você tem sangue de um rei, a coroa é sua por direito.

– Mas isso não significa nada. Não para eles, certo?

– Eu já disse que eles não têm...

– Tudo bem, eu ainda não decidi nada mesmo. O fato de não me quererem aqui não muda nada.

Acalmo o formigamento que cresce nas minhas veias. Ela não pode achar que eu permitiria que alguém a rejeitasse como Rainha do Inferno.

– Louise, Meu Anjo, quero que entenda que qualquer um que tentar contestar sua autoridade nesse maldito inferno vai morrer queimado.

– Você não pode fazer isso, eles têm o direito de me aceitar ou não.

Burning In Hell: A Rainha do Inferno (Livro II)Onde histórias criam vida. Descubra agora