Louise
– O que aconteceu com ele? – Alec pergunta, enquanto me ajuda a colocar Henry na mesa.
Ofego, ajustando o corpo do garoto que não para de se contorcer. Isso tudo é culpa minha. Se eu tivesse ignorado Henry e não o metido na minha vida, ele não teria sido arrastado até aqui no estado que está. Se eu não tivesse sido tão egoísta e pensado somente nas minhas motivações, ele não estaria ao ponto de morrer agora.
Diferente de Alec e de mim, Aren não parece nenhum pouco preocupado com Henry. Não que isso me surpreenda, é óbvio que ele não se importa com ninguém além dele mesmo.
– Uma Aranha-Marinha atacou ele – respondo, arfante e desesperada para que ele não morra. Deuses, ele não pode morrer por minha culpa. Não pode morrer de jeito nenhum. – Eu estava tentando abrir uma Fenda para cá e...
– Espera aí – Aren estreita os olhos, e só agora eu me dou conta de algo. Ele está aqui. Ele voltou. Voltou de onde quer que ele estivesse antes. Ignoro a pontada de alívio que percorre meu corpo enquanto ele continua: – Como assim uma Fenda para cá?
Abro a boca e fecho três vezes. Tudo o que eu queria quando fui ao Mundo dos Humanos para terminar com Henry era que Aren não soubesse, porque eu sei que isso teria consequências, mas aqui estou eu, com o garoto quase morto deitado na mesa. Não tem como esconder uma coisa dessas dele...
– Ela estava praticando – Alec comenta, e eu afasto meu olhar ao seu, agradecendo por mentir por mim. – Eu mesmo sugeri que ela tentasse, já que praticamente dominou a Fenda muito bem essas semanas.
– Você o quê? Usar a Fenda entre os mundos é muito perigoso, seu imbecil.
Mesmo que mínimo, eu noto um encolher de ombros de Alec. Ainda assim, ele não desvia o rosto do diabo, mesmo com toda a fúria na escuridão nos olhos dele.
– Se estivesse aqui, veria como não foi tão difícil para ela.
Alterno meus olhos entre Aren e Alec em um embate de olhares muito estranho. Aren acha que o demônio me colocou em perigo ao supostamente me ensinar a atravessar entre os mundos, e Alec... Bem, Alec esteve comigo todos esses dias, e, embora não tivesse tocado no assunto, sei que ele notou as olheiras nos meus olhos.
– Você não vai mais ensinar nada a ela. – O diabo dilata as narinas, e eu penso se ele vai explodir a casa de novo com a raiva que está.
– Ah, mas não é você que decide, A.
– Pode apostar que sou eu, sim.
Quase reviro os olhos. Abro a boca para dizer algo, mas sinto a mão de Henry tocar meu braço. No mesmo minuto eu me agacho um pouco, estudando suas feições. Ele está muito frio e a pele bronzeada está totalmente pálida. Seus olhos estão entreabertos, assim como sua boca, que parece tentar falar algo.
– E como você vai fazer isso? – ouço Alec perguntar a Aren, mas nem dou atenção. – Fugindo de novo?
– Matando você.
Uma risada é abafada no ar conforme Henry tenta umedecer os lábios secos. Droga, ele precisa de água. Onde tem água...?
– Ah, então quer dizer que ainda quer lutar. Não estamos do Death Fight, mas posso ser o seu adversário, A.
Paro por momento. Aren estava essas semanas todas naquele ringue de luta maluco? Uma breve memória vaga minha mente de quando ele me contou por que lutava naquelas jaulas de aço, mas eu a jogo para longe. Não posso pensar em nada além de Henry nesse momento. Ele é minha responsabilidade, Aren, não.
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Burning In Hell: A Rainha do Inferno (Livro II)
RomansaSe você não leu o primeiro livro da Trilogia, não leia essa sinopse: Contém spoilers. Depois de acordar do Sono Profundo, Louise descobre que agora é a Rainha do Inferno. Algo que, a assusta e a faz precisar de um tempo no Mundo dos Humanos para pen...