Capítulo 4 - Vou ficar aqui alguns dias

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Louise


Alec me dedurou para Aren.

Ou está morto a uma hora dessas. Na verdade, não faço a mínima ideia. O olhar do diabo não diz nada além de que está bem bravo comigo. Sei que ele disse que eu não tentasse vir para esse mundo porque não sabíamos o que iria acontecer em seguida, mas não achei que iria o irritar tanto. E não irritado porque eu poderia estar morta, mas por eu ter o desobedecido. O que só me deixa mais enraivecida. Ele acha que pode ditar o que faço ou deixo de fazer.

– Você matou Alec?

Surpreso, ele pisca.

– Como?

– Você matou Alec? Porque ele só pode estar morto para você ter me encontrado.

Agora mais cauteloso, o diabo suspira, remexendo as mãos nos bolsos.

– Como sabe que ele não me disse por vontade própria?

Tento não demonstrar o quanto estremeço nesse momento.

– Sei que ele não faria isso quando eu pedi que não fizesse.

O sorriso no seu rosto não vacila um segundo.

– Então ainda é uma humana tola como antes. Louise, Meu Anjo, enquanto continuar achando que consegue esconder algo de mim, vai continuar tendo essa mente pequena, não vai conseguir pensar grande.

Rosno, fazendo menção em atacá-lo, mas ele continua, antes que eu consiga:

– Mas, de fato, Alec não me disse nada por vontade própria, não se preocupe. Eu que vi na mente dele.

Você o quê?

– Como o meu mais talentoso caçador de demônios não queria me dar informação sobre onde você estava, já que você não estava no seu quarto onde ele me alegou que deveria estar, fui forçado a olhar na mente dele.

Dilato as narinas, irada.

– Por que você tem sempre que invadir a mente de todo mundo sem permissão?

– Porque eu posso – ele diz, simplesmente. – Porque eu sou o diabo cruel e desprezível.

Grunhindo internamente e externamente, eu dou de costas a ele, mas o maldito segura meus pulsos em uma velocidade impressionante, me trazendo de volta e me fazendo trombar contra seu peito irritantemente musculoso. Ofego com o movimento brusco, evitando lembrar o quanto seu toque me causa arrepios e... da sua boca na minha...

Não, não posso seguir por esse caminho outra vez. Por mais que claramente exale química nos nossos olhos, por mais que o mundo pareça parar quando estamos juntos, por mais que eu perca todo o controle próprio quando Aren está perto, ficar com ele está fora de cogitação. Porque ele é mau. E mentiu para mim. Muitas vezes. Sim, eu me joguei na frente dele quando achei ele pudesse morrer, mas... não posso. Não posso ficar com alguém que não conhece o significado de compaixão.

Parecendo ler meus pensamentos, ou talvez enxergando tudo através dos meus olhos, Aren solta meus braços e se afasta um pouco. Me recuso a acreditar que vergonha queima seu rosto.

– Você desobedeceu a uma ordem minha – ele diz o óbvio.

– Vai me matar por isso?

Ele funga baixinho, os olhos pegando fogo.

– Eu bem que deveria, muitos já morreram por menos.

– Mas não vai.

Talvez surpreso pela minha coragem – que está se tornando bem comum quando ele está perto –, Aren estreita os olhos. Ele parece mais uma vez sem palavras.

Burning In Hell: A Rainha do Inferno (Livro II)Onde histórias criam vida. Descubra agora