Capítulo 48 - Vinda longa à Rainha

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Louise


Talvez eu não consiga me conter na reunião com Reagan daqui há dois dias.

Talvez não, com certeza não vou me segurar. O que ele fez com Aren.... As asas dele, pelos deuses. Quando ele falou que não as usava mais, eu imaginei que tinha acontecido algo, mas... Cortadas. Elas foram cortadas. Não uma vez. Centenas de vezes. Por 59 malditos anos. Sem contar que ele também vem fazendo isso desde que conseguiu se libertar daquele sádico.

Eu vou matá-lo.

Vou encontrar sua maior fraqueza e fazê-lo sofrer dez vezes mais do que Aren sofreu.

– Em que está pensando agora? – ele me pergunta, tentando não fazer muitos movimentos bruscos com seu corpo.

Estamos no seu quarto agora. Venho dormido aqui desde... desde que ele me contou tudo. Não fizemos nada, é óbvio. Aren quase não consegue se mover sem soltar aqueles gemidos baixinho. Mas apenas em estar aqui com ele faz eu me sentir segura. Embora, no momento, ele não possa fazer muito se Reagan quiser tentar algo.

Mas ele pode tentar. Eu ficaria feliz em arrancar o coração dele nesse quarto.

– Estou pensando que descobri o seu cheiro misterioso.

Suas sobrancelhas se franzem.

– Eu tomei um banho hoje quando você saiu.

Caio na gargalhada.

– Não estou falando desse cheiro, seu idiota. – Dou um empurrão suave no seu ombro. Ele tem melhorado esses dias, mas não está totalmente curado. Beatrice alertou que podia ter sequelas, já que ela não era uma bruxa propriamente dita para fazer aquilo.

– Seu idiota desprezível – ele corrige, e eu reviro os olhos com força.

– Talvez eu quebre mais uns ossos seus.

Ele sorri, pressionando os lábios nos meus.

Paz. Meu corpo inteiro está relaxado, apesar de eu sentir vontade de trucidar aquele sádico desgraçado.

Eu amo você, Meu Anjo. Ele me ama. Deuses, ele disse que me ama... Eu o amo tanto. Tentei esconder isso de mim mesma todos esses meses porque tudo me dizia que eu não deveria me sentir assim com alguém tão cruel. Aqueles demônios que Scarlett me mostrou, como ela mostrou. Não mencionou o motivo por tudo aquilo, que eles estavam envolvidos na morte da mãe de Aren. Na mãe dela. Scarlett queria que eu odiasse o irmão.

– Me conte, Meu Anjo, por favor. Qual o meu cheiro misterioso.

Fico tentada a não responder pelo seu tom de deboche, mas pego confessando:

– Casa. – Nem sei por que meu coração está tão acelerado. Estamos jogando conversa fora há dias. – Por muito tempo, eu fiquei tentando me acomodar naquele mundo, no Mundo dos Humanos. Nunca senti que me encaixasse de verdade, era sempre retratos quebrados tentando se ajustar como um quebra-cabeça errado, como se as peças não encaixassem nele. Mas aqui... esse mundo, ao seu lado, me faz sentir menos desajustada. Me faz sentir que tenho algum propósito.

Seu olhar irônico morre. Um brilho suave acende.

– Por muito tempo também – eu continuo, sem saber a hora de parar –, eu me escondi. Me escondi de qualquer coisa que parecesse um perigo. Mas, com você...

A sensação de estar segura ao seu lado é inexplicavelmente reconfortante, diabolicamente tentador. É como se eu pudesse enfrentar qualquer coisa e não precisasse pagar pelas consequências. Scarlett havia invadido meus pensamentos no dia em que nos confrontou enquanto Aren me levava para conhecer o Hell. E, de fato, eu sinto que posso voar sobre os céus sem qualquer ameaça. Me sinto segura.

Burning In Hell: A Rainha do Inferno (Livro II)Onde histórias criam vida. Descubra agora