Capítulo 49 - Proponho uma parceria

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Devil


O Calabouço das Almas parece diferente de quando estivemos aqui pela última vez. Não sei ao certo o quê. Talvez seja a falta do guardião. Talvez o Calabouço realmente não seja o mesmo sem o Cão do Inferno.

No entanto, isso não faz muita diferença. O que viemos fazer nesse lugar não se trata nem de longe de algo confortável. Pelo menos, a viagem foi mais rápida dessa vez. E, diferente da última, não fui burro em não trazer todos. Apenas Zion ficou para conter os Clãs e algum problema em potencial. De início, ele havia protestado, mas depois assentiu, entendendo o porquê deveria ficar. Ele lidou muito bem com os demônios da última vez. E Ravena se recusou ficar com todas as unhas. Eu sabia que não ia consegui-la afastar da ex-líder. E Zion é o mais compreensível dos três. Sabia que ele entenderia.

Mas o foco aqui e hoje não é esse. Reagan deve estar nos esperando em algum lugar do Calabouço. E minha respiração vacilante prova o quanto isso está me afetando. Não digo isso a nenhum deles, mas sei que notam. Louise, em específico.

Ela se aproxima lentamente enquanto caminhamos pelos corredores escuros, roçando os dedos suavemente nos meus. Entendo exatamente o que isso quer dizer. Ontem à noite, ela baixou os escudos mentais. Admito que senti falta de navegar pela mente dela. É como se minha consciência, meu poder, buscasse ela de alguma forma maluca.

"Eu estou aqui como você", ela murmura por pensamento. "Não vou deixar ele tocar em você de novo."

"Faltou uma coisa aí."

Mesmo com a escuridão desse lugar, consigo ver as sobrancelhas dela se franzindo.

"O quê?"

Me aproximo do seu ouvido, circulando sua cintura, e sussurro:

– Meu Amor.

Seu sorriso é confundido com um retorcer de olhos. Saboreio suas próximas palavras, meu peito se acalmando pouco a pouco.

"Não vou deixar ele tocar em você de novo. Meu Amor."

Meu sorriso se estende até os olhos. Abro a boca para provocá-la, mas Alec, andando ao lado de Ravena e Beatrice, comenta antes que eu consiga:

– Já que ninguém falou, eu vou falar. O diabo tá pegando uma garota de 17 anos. Vocês ouviram? 17 anos.

– 18 – escuto Louise corrigir baixinho, e paro de andar.

"O quê?" Nem sei se digo isso por sua mente ou em voz alta, talvez os dois. "Como assim 18?"

Ela dá de ombros, fazendo menção em continuar andando, mas eu seguro seu ombro.

"Ontem foi meu aniversário", ela diz simplesmente, como se não tivesse me chocado.

"Como inferno ontem foi seu aniversário e eu não soube disso?"

"Eu me esqueci."

– Um ano a mais não faz diferença se comparado aos 5 mil que o A tem, Humana – as palavras de Alec vão fazendo eco entre as enormes paredes de pedra. O resto dos demônios, pelo contrário, ainda estão caminhando, como se não soubessem que paramos. Ou talvez só querem dar privacidade.

Ignoro o idiota.

– Como esqueceu de algo assim? – pergunto a Louise, em voz baixa.

Ela abre a boca e fecha em seguida.

– É que... Eu... Aconteceu tanta coisa nesses dias que eu... nem pensei nisso.

Meu maxilar se contrai com a lembrança da noite de ontem. Ela não havia me dito que foi atacada. E, segundo ela, para não atrapalhar minha recuperação. Atrapalhar minha recuperação é o caralho. Se eu soubesse o que aconteceu – algo que, ela não quis me falar com detalhes o que realmente houve naquela manhã –, teria caçado Roe e o matado lentamente. Iria fazer isso ontem à noite, mas ela decidiu apenas... dar um recado aos demônios.

Burning In Hell: A Rainha do Inferno (Livro II)Onde histórias criam vida. Descubra agora