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Thiago

07 de Abril de 2024
Morro do Boi, Itaim Paulista
Zona Leste, São Paulo.

Pique que já era umas três horas da tarde e eu ainda não tinha segurado meu filho no colo desde que nós saiu de casa.

Aquele monte de gente nem deixava, pô.

Eles só entregavam pra Lívia quando era hora de mamar, e depois pegavam de volta.

Eu já tava ficando puto.

Esperei o Jorge terminar de mamar e fiquei do lado da Lívia até ela me entregar o nosso filho.

Ai eu fiquei suave.

Depois que o menor arrotou, eu voltei pra perto dos mano, que tavam trocando uma ideia sobre sei lá o quê.

Jacaré: Cada vez que eu olho pra esse moleque eu vejo ele mais parecido comigo - falou, segurando a mão do J.

Mayara: Ele é a cara da Lívia, pai - ela falou, mas tava sentada na mesa, do outro lado da área - Não tem nada seu.

Dandara: Mas ele lembra o Thiago também.

Luciana: Acho bem parecido com a Lívia quando ela era pequena. Essas bochechinhas e essa boca.

Olhei pro gordinho, que tava dormindo na maior paz.

Era foda, as vezes eu achava ele parecido com ela, as vezes eu achava ele parecido comigo.

Beatriz: O olhar dele é todinho o do Thiago.

A Lívia veio pra perto de nós, pra colocar o cobertor nele, e se abaixou, dando um beijo na bochecha do Jorge.

Lívia: Ele faz umas caras que é muito o Thiago, mas ele é bem parecido comigo. Eu acho engraçado.

Don: O menor é chucro.

Lívia: Muito, não ri pra nada - ela falou, rindo - Eu acho que vi ele sorrindo duas vezes até agora.

Thiago: Maloqueiro nato. Tá certo. Não tem que ficar rendendo risadinha.

Allana: Deixa ele começar a entender que é só dar um sorrisinho que vai conseguir o que quer. Nunca mais vai parar de sorrir na vida.

A Lívia riu e se abaixou de novo, dando um mais um beijo no J.

Lívia: É o príncipe da mãe dele.

Ela levantou o olhar pra me ver e eu neguei com a cabeça.

Príncipe nada, tio. O moleque ia ser doido, torcedor fanático, maloqueiro, cria de quebrada e os caô tudo.

A patricinha da mãe dele que sonhasse.

Minha gata saiu de perto de nós, contando para as meninas que queria pintar o cabelo, mas que nem sabia se podia. O assunto nem me interessou e fui sentar perto dos caras.

Don: Já já Mariah tá assim também - apontou com a cabeça pro Jorge - Dá uma ansiedade.

Thiago: Suave, cuzão. Tu vai tirar de letra. É uma loucura mas tu dá teu jeito.

O Jacaré riu.

Jacaré: Queria ver vocês com três pequeno, como eu tive. Isso sim é loucura.

O Alvarenga me olhou e na hora eu já saquei a intenção. Eu prendi a risada e dei uma olhada nas mulhé, que não tavam nem aí pro nosso papo.

Alvarenga: Que loucura, né? Três... pô... - o velho já cruzou os braços, olhando pro mano - Mas como que era? A May fala que tu e a Barbie não casaram.

Jacaré: Cuida da tua vida, moleque.

O Don riu e tomou a cerveja dele.

Eu resolvi ajudar o parceiro.

Thiago: Ah, solta a verdade, truta. Como que vocês não eram casado e meteram três filho? - o velho me encarou, todo bolado - Hum?

Jacaré: Tu não tem que cuidar do teu filho, não?

Thiago: Tô cuidando.

Jacaré: Então cuida melhor, meu chapa.

Alvarenga: Mas nós só quer... - o Jacaré encarou ele.

Jacaré: Vai tomar no cu vocês dois. Pra eu fazer a cabeça da Lívia e da Mayara pra elas dormirem uma semana na minha casa, é rapidinho - neguei com a cabeça. Aquele velho era muito maluco - Acho bom.

Thiago: Nós tá ligado que ainda rola alguma coisa, pô. Nem dá pra entender como elas e o Paulista não sacaram ainda.

Don: Mano, cala a boca que é melhor - aconselhou.

Fiquei olhando pro velho, com um sorriso no rosto e o mano ficou todo bolado.

O Alvarenga mudou a conversa, pra falar sobre uma viagem que ele ia fazer com a Mayara, e uma porrada de coisa. Fiquei só ouvindo. Pouco papo.

Minha irmã veio arrancar meu filho do meu colo um tempo depois, e eu bolei com isso de novo. Que coisa chata, o moleque era meu. Todo mundo queria ficar segurando, passeando, conversando. Eu nem podia aproveitar.

A Bia foi pra perto da piscina, e aí eu e os moleque fumou um baseado. Tava mó afim. Ultimamente eu tava chapando sem nem fumar, só do cansaço. Hoje pelo menos tava mais suave, e pude subir pra mente um bem bolado.

Um tempo depois, a Lívia veio sentar do meu lado e ficou trocando uma ideia com o pai.

Eu vi o Paulista saindo de dentro de casa, mas ao invés de ele vim pra perto de nós. Ele foi direto pra perto da minha irmã.

A Bia cumprimentou ele, e o moleque deu um beijo no J, que tava acordado. Ele ficou falando com meu filho, e com a minha irmã, por um tempão.

Fiquei com essa parada na cabeça.

Eu lembro que na época que conheci a Lívia, o irmão dela tava pegando a Beatriz. Ele mermo admitiu isso pra mim num baile, quando a Bia viu ele com outra menina e ficou puta. O cara me falou que ela tinha emocionado e que eles só tinham ficado.

Pô, nunca fui de me meter nos relacionamentos da minha irmã. Ela ficava com quem queria. Mas a parada não era bagunçada não, maluco.

Antes, ela era emocionada, agora, ele tava todo se engraçando pra cima dela?

Tá bom. Eu ia tirar essa história a limpo.

Eu fui arrancado dos meus pensamentos quando a dona loira disse que podíamos cantar parabéns pra eles. Ela chamou a Lívia e o Paulista pra perto do bolo, que tinham colocado na mesa. Mas a Lívia foi só depois que pegou o Jorge no colo. No maior grude com o molequinho.

Nocaute - A profeciaOnde histórias criam vida. Descubra agora