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Jacaré 

23 de Abril de 2024
Morro do Boi, Itaim Paulista
Zona Leste, São Paulo.

O mundo tava bem mais daora depois que aquele menor chegou.

Nunca pensei que fosse ficar tão feliz em saber que minha filha tinha um filho, parceiro.

Eu ficava toda hora pensando, e pedindo pra Lívia me mandar notícias do moleque. Quando eles tavam na minha casa então, era a maior felicidade.

O sem futuro do pai do J foi treinar, e pelo menos ele foi decente em deixar minha filha e meu neto lá em casa. Eu nem saí pros corre. Eu tirei o dia pra ficar com eles. Até a Diaba Loira veio também, pra grudar no moleque.

Lívia: Ele tem consulta depois de amanhã, e eu vou ver isso com a médica - ela falou, depois de contar pra Luciana que achava que o J tava chorando por que não tava satisfeito.

Luciana: A Mayara tomou mamadeira desde bem bebê. Está ótima hoje. É até melhor, sabe? Tu pode dormir melhor, tu pode contar mais com a tua rede de apoio, e até quando tu for pra faculdade vai ser melhor. Aliás, deixa ele aqui quando precisar ir, tá?

Ela riu.

Lívia: No começou eu vou só ficar uma horinha e meia, por causa do Jorge. Não é muito bom levar ele comigo enquanto ele ainda é muito bebê. Então lá na faculdade eles aceitam que a gente faça dessa forma até os seis meses. Metade presencial e metade on-line.

Olhei pro moleque, no meu colo. Tava acordado, todo me olhando. Deixei as duas conversando no sofá da minha casa, e fui pro lado de fora, porque tava um clima gostoso na rua.

Jacaré: Vou cantar uma música pra tu, J. Se liga - ele ficou me olhando, na maior atenção - Eu sou alvinegro da Vila Belmiro, o Santos vive no meu coração...

Minha voz morreu aos poucos, conforme eu ia vendo o meu neto fazendo bico, pra começar chorar.

Eu calei a minha boca, ficando puto.

Tinha dedo do moleque do pai dele nessa porra. Que merda!

Jacaré: Não chora. Pronto, parei - abracei ele - O Vovô parou.

Balancei ele mais rápido, cantando "nana neném". Parada de criancinha.

A Luciana apareceu na porta de casa, e saiu de lá com um sorriso de diaba no rosto.

Pronto, já ia encher meu saco.

Ela se aproximou de nós, até parar na minha frente e botar a mão nas costas do nosso neto.

Luciana: Olhou pra cara do Vovô e ficou com medo, meu amor?

Vagabunda.

Jacaré: Tira essa mão da criança. Unha enorme. Vai machucar.

Eu falei, e segurei o Jorge com uma mão, e com a outra, tirei a mão daquela diaba do meu neto. Ela soltou uma risada, e botou a mão no meu braço, sem tirar os olhos do neto, que se acalmou aos poucos.

Luciana: Ele é lindo, né?

Jacaré: Tá com saudade? - perguntei, com um sorriso malicioso.

Nocaute - A profeciaOnde histórias criam vida. Descubra agora