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Especial de fim de ano part. 2

Jacaré

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Jacaré

24 de Dezembro
Itaim Paulista, Zona Leste
São Paulo.

Nós estávamos todos na cozinha, um mais tenso do que o outro, quando a Livia mais uma vez perguntou o que estava rolando. 

O Haridade e o Alvarenga tinham ficado na sala, pra fazer companhia pra menina.

Paulista: Encontrei ela quando fui deixar a droga na boca - ele falou, se encostando na pia da cozinha.

A Mayara ainda não sabia da história toda, ela tinha chegado a pouco tempo.

Lívia: Encontrou ela? Como assim?

O Luan suspirou de um jeito tenso e eu parei ao lado do menor, tentando dar algum tipo de apoio pra ele.

Paulista: Não sei quem é a mãe, mas o pai deixou a garota pra pagar divida de droga.

Respirei fundo.

Já sabia da história e mesmo assim ouvir aquela fita era uma coisa que me deixava no ódio.

A Lívia ficou com os olhos cheios de lágrimas e a Mayara encarou o chão.

Paulista: Arranquei a menina de lá antes que rolasse alguma coisa pior, né?

Jacaré: Fez certo.

Mayara: Temos que achar a mãe dela, pode ser que esteja procurando.

A Luciana bufou.

Luciana: Procurando por ela? Viu como a menina está? Precisando de comida, de roupas novas e de cuidados. É impossível que alguém esteja cuidando dela!

O silêncio tomou conta da cozinha e nem um de nós sabia o que dizer. A parada era quente, meu parceiro

Lívia: Algum sabe quantos anos ela tem? Qual o nome dela? - eu neguei quando a minha filha me olhou - Ela parece ter a idade próxima a Maitê.

Mayara: Ela é bem menor.

Paulista: Ela é menor porque nem deve comer direito. Tu viu o tamanho do braço dela? Essa menina precisa de comida.

Mayara: Qual é o plano, então?

Olhei pra Luciana achando que ela fosse responder aquela pergunta, mas a diaba tava tão sem rumo quanto eu, parceiro.

Na hora que o meu menor entrou em casa com a menina e contou o que rolou, eu me senti um merda. Era foda. Toda vez que ouvia essas histórias vinha o sentimento de impotência, de vontade de mudar toda essa merda e não conseguir. Na real, acho que todos ali estávamos com a sensação de querer mudar esse inferno, para que criança nenhuma precisasse passar por tanta merda.

Mas tinha algo diferente naquela menina. Os olhos dela era terríveis. Dava dor só de olhar. Eram cheios de medo, de angústia e de receio, parecendo um bicho indefeso.

O rosto de anjo, mesmo embaixo de toda sujeira, dava um contraste assustador com os olhos que carregavam medo.

Sabe-se lá o que essa garota já tinha visto na vida dela.

Eu sabia que todos nós fomos atingidos não só pela história que o Luan contou, mas principalmente por ela. Era pique ímã. Alguma coisa chamava a gente pra ela, alguma coisa fazia com que a gente orbitasse em volta dela, tipo os planetas envolta do Sol e da Lua.

Tipo como se ela fosse o centro do universo.

Tipo como se ela fosse uma parte nossa.

Jacaré: Ninguém vai atrás da mãe da garota - a minha voz saiu antes que eu conseguisse controlar. Todos meus filhos me olharam e eu fechei a cara, tentando não mostrar o quanto tinha me abalado com aquele proceder - Ela fica.

Paulista: Por quanto tempo?

Jacaré: O tempo que ela quiser.

Vi a Lívia limpando o rosto com as mãos.

Lívia: Vamos cuidar dela.

Mayara: Nós precisamos levar a menina em um médico.

Senti a Luciana saindo de perto da mesa, até se aproximar de mim, se aninhando nos meus braços. Ela também tava bem abalada.

Abaixei o rosto encontrando os olhos dela em mim.

Luciana: Nós ficamos com ela e fazemos dessa menina nossa filha, se me prometer que ninguém tirará ela de nós.

Jacaré: Só se eu tiver morto.

Ela assentiu.

Lívia: Vou buscar a menina.

Minha filha sumiu pela porta da cozinha e voltou carregando a menina nos braços. A pequena garotinha olhava pra gente com medo.

Luciana: Isso é tão estranho... quero ela - murmurou baixinho, sem me soltar - Quero cuidar dela.

Jacaré: Ela é nossa - sussurrei contra o ouvido da loira - Não tá vendo como todo o mundo tá girando em volta dela?

A Luciana reparou que nossos três filhos estavam próximos a garotinha, rodeando-a como um astro solar.

Ela se chamaria Ayla. Como a luz da lua. E como prova de que era realmente a luz de nossas vidas, suas irmãs apelidaram ela de Sunshine, como a luz do Sol.

Nosso pequeno centro do universo.

Um novo começo para uma nova história.

• F I M •

A terceira temporada vem aí e se chama:
Ouça-me!
Ayla tem umas historinhas pra contar!
❤️
Até 2025!

Nocaute - A profeciaOnde histórias criam vida. Descubra agora