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Thiago

23 de Abril de 2024
Morro do Boi, Itaim Paulista
Zona Leste, São Paulo.

Dia de voltar pra luta.

Nem tava suave de deixar a Lívia em casa com o J, sem mais ninguém. Então nós decidiu que quando eu tivesse que treinar, principalmente nesse começo que o moleque ainda precisava de uma atenção, e ela também, ela e o nosso filho ia ficar na casa do Jacaré ou da dona loira, pra eu poder treinar descansado. E como a academia do Cobra ficava perto da casa dos dois, era suave.

Juntava o útil e o agradável. A muié não iria ficar só com o mano, e os vô dele ainda iam ficar babando no garoto.

Na hora que eu entrei na academia, meu corpo já relaxou. Eu tava precisando disso, mas se pá nem tinha mais força pra ficar lutando feito um doido, depois de tantas noite sem dormir direito. Aquele pique de treinar doze horas quando eu ficava louco, acho que nunca mais ia conseguir.

Cobra: Olha quem chegou - encarei ele, que saiu da salinha - O papai do ano.

Thiago: E ai, pô.

O cara veio direto me cumprimentar, dizendo que tinha uma novidade pra mim depois do treino. Me parabenizou pelo J, e perguntou como que tava toda a minha família. Expliquei as paradas na suavidade pra ele, que logo notou que eu tava cansado pra um caralho, e disse que se eu quisesse, nem precisava treinar hoje. Mas eu precisava sim. Atleta não pode ficar parado por muito tempo.

Eu fui me trocar, pra começar o treino e conversei com uns caras no caminho, que só desejavam uns parabéns pra minha família.

Tava tudo suave, mas sei lá, eu não tava com uma sensação muito boa. Então antes de sair do vestiário, mandei uma mensagem pra Livia e pro pai dela, pra saber se tava tudo certo por lá.

Mas foi só eu bloquear o celular e olhar pra porta da entrada do vestiário, que eu me liguei que a sensação ruim não tinha nada a ver com a minha mulher e o nosso filho.

Guerreiro: E aí, rapaziada.

Os outros caras que tavam ali, responderam o filho da puta.

Eu deixei meu celular encima do banco, e olhei pro cara que tava se trocando do meu lado.

Thiago: O que que ele tá fazendo aqui? - perguntei, com a voz baixa.

- Tá treinando aqui tem umas duas semanas.

Estreitei os olhos.

Thiago: Por que?

- Sei lá, mano. Tão falando por aí que o Cobra tá de rolo com a irmã do cara, e fez na faixa pra ele vim treinar aqui - ele deu de ombros - Tu tá crescendo, né, Haridade. O Cobra tem que arrumar uma outra "promessa".

Soltei o ar pelo nariz, negando com a cabeça.

Gostava dessas porra não.

Me levantei do banco, e fui direto pra sala do Cobra. Bati duas vezes antes de ouvir ele dizendo que era só entrar.

Abri a porta, e vi o sorriso dele morrendo em um segundo.

Nocaute - A profeciaOnde histórias criam vida. Descubra agora