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Thiago

07 de Abril de 2024
Morro do Boi, Itaim Paulista
Zona Leste, São Paulo.

Já levei vários soco na cara na vida, mas o Jorge tava maltratando bem mais.

O moleque era ligadão, pô, não gostava de dormir e deixava a casa inteira sem dormir junto com ele.

Seis dias depois do nascimento, a Lívia já tava um pouco melhor em questão das dores do parto, e tava se adaptando a amamentação também. Tudo que a minha mãe, ou a mãe dela falavam, ela fazia pra ser melhor nessa parada. Achava foda o tanto que ela se dedicava pra ele. Ver isso de perto, era uma parada que me deixava orgulhoso pra caralho.

Ontem, o Jorge tomou a primeira vacina e foi a pior hora pra mim, desde que ele nasceu. A Lívia não teve coragem de segurar nosso filho, e tive que fazer essa frente. O molecote chorou no meu colo e eu queria bater na enfermeira, pô. Doeu o meu coração.

Mas agora ele tava suavão e nem teve muita reação, só parecia com dor na perna memo.

A Lívia tirou os ponto da cirurgia também, então tava bem mais tranquila.

A Beatriz cobrou o que a minha mulher prometeu, e dormiu lá em casa na noite de sábado pra domingo. Ela e a minha mãe. Pô, na hora eu nem gostei da ideia, mas foi o dia que nós dormiu melhor desde a chegada do moleque, porque as duas ficaram com ele o tempo todo. A Lívia só acordou de três em três horas pra colocar o J pra mamar e depois conseguiu descansar.

Essa parada foi boa, pra quando nós acordasse no dia seguinte, nós parecer gente de novo, porque nós tava parecendo dois zumbi.

Nem das revoada eu voltava tão cansado.

Só podia agradecer a moral que a mãe e a Bia deram pra mim e pra Lívia.

No domingo, dona loira organizou um almoço lá na casa do Jacaré, pra comemorar uma semana de vida do neto dela, e também pra comemorar o aniversário dos filhos dela.

A Lívia convidou o Don e a Allana também, porque eles dois já eram pique da família memo.

Eu entrei no carro, colocando o Jorge na cadeirinha. Minha mãe e a Beatriz entraram logo depois, uma de cada lado do neném. A Lívia tava fechando a casa, e eu tirei o carro da garagem até ela voltar, sorrindo toda.

Nem entendi.

Thiago: E ai, pô - falei, assim que ela entrou no carro - Tá com esse sorriso por que?

Ela levantou a mão pra mim, mostrando a aliança.

Lívia: Voltou a servir.

Amém.

Já ia dar outra pra ela de aniversário, pra se ligar nas parada.

Fiquei quieto, e só dirigi o caminho todo enquanto as três conversavam sobre o Jorge.

Tudo era sobre o molecote agora.

Voltar pro Itaim nunca era suave, ainda mais com o meu filho dentro do carro agora. Pô, eu tava com a Lívia, qualquer noiado que respeitasse o Jacaré não ia ser doido de fazer alguma gracinha, mas eu sabia que se não fosse por ela, ali, era um lugar que eu não voltava a pisar nunca na minha vida.

Nocaute - A profeciaOnde histórias criam vida. Descubra agora