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Lívia

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Lívia

06 de Julho de 2024
Morro do Boi, Itaim Paulista
Zona Leste, São Paulo.

Eu esperei o fim de semana chegar pra comemorar os três meses do meu bebê.

Queria comemorar junto com o aniversário do meu pai, e pareceu a a ideia perfeita principalmente por ninguém ter cabeça suficiente para programar nada sem o Luan.

Depois que a minha afilhada nasceu, a notícia da internação do meu irmão caiu no meu colo como uma bomba. Ele foi por livre e espontânea vontade, depois de uma conversa com o nosso pai, por não querer viver da forma como estava vivendo.

Por um lado, fiquei muito feliz de saber que ele tinha reconhecido que precisava de ajuda.

Mas na mesma madrugada começamos a receber as notícias ruins. Os surtos durante as madrugadas, os dias que ele passava a base de remédios para não sentir falta das drogas, ou então os relatos dos episódios de agressividade, que recebíamos dos médicos.

Isso fazia com que todos nós estivéssemos com uma preocupação fora do normal. Meu pai nem era mais ele, vivia refém do celular e de notícias.

E no último fim de semana, minha mãe foi liberada para fazer a primeira visita do meu irmão. Ela saiu bem mais leve de lá. Disse que o Luan sentia muita saudade de todos nós, mas que viu uma melhora no comportamento dele.

Os surtos ainda eram frequentes na madrugada, mas durante o dia ele estava melhor, socializando com as outras pessoas e já tinham liberado também o uso do celular. Os uso de remédios não era tão necessário como antes. E isso me deixava bem mais aliviada.

Thiago: Eu não vou usar essa porra - ele reclamou, todo chato, arrancando a camiseta verde da Lacoste do corpo, e jogando com toda força encima da cama.

Respirei fundo pela milésima vez. Nós estávamos bem atrasados e nem tínhamos saído de casa ainda.

O Thiago estava dando show porque falou que verde era cor de Palmeirense. Ele não era Palmeirense.

Lívia: Pelo amor de Deus, Thiago. Faz esse esforço.

Thiago: Não vou usar verde, pô. Já falei - apontou pro J, que estava deitado na nossa cama - E eu não gostei dessa roupa de Jacaré no moleque também. Nada a ver!

Lívia: Você tá chato. Que neurótico!

Thiago: Coloca a blusa branca que tu comprou pá ele embaixo dessa roupa e deixa aberto. Ai ele é um Jacaré, mas não é um Jacaré de cor de porco.

Nocaute - A profeciaOnde histórias criam vida. Descubra agora