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Thiago

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Thiago

18 de maio de 2024
Vila Aurora
Zona Norte, São Paulo.

A Lívia tava demorando maior tempão no banheiro. Eu já tava ficando nervoso com essa parada, mas o Jorge acordou, começou a resmungar e eu tive que fazer meu papel de pai e dar uma acalmada no mano que nem parecia maneiro.

Tinha alguma fita irritando o meu parceiro.

Tentei dar uma atenção daora. Fralda tava limpa, tinha comido, tava tudo no esquema, não tinha nem motivo pra ele ficar daquele jeito.

A mãe dele saiu do banheiro quase uns trinta minuto depois que entrou. Ela se aproximou de nós, e nem levantou a cara pra olhar.

Thiago: Lívia, o moleque não tá normal - eu falei, balançando o Jorge no colo, olhando pra ela que só olhou pra bolsa do nosso filho, guardando o cobertor dele, que antes tava na minha cadeira, ali dentro da malinha azul - Tu sabe o que que é?

Jão, quando ela virou de frente pra mim, eu quase deixei meu filho cair no chão.

Ela nem me olhou. Só olhou pro Jorge. E mesmo que  o cabelo escondesse quase todo o rosto, eu consegui ver o nariz e os olhos vermelhos.

Me deu até um frio na espinha.

Ela deu um passo na minha direção, esticando as mãos pra pegar o J do meu colo.

Thiago: Que que aconteceu? - perguntei, sem mover nem um centímetro do meu corpo. Não tive resposta - Lívia, o que tá rolando?

Ela ajeitou o Jorge no próprio colo, balançando ele pra lá e pra cá. O moleque começou a se acalmar, mas quem tava quase se desesperando era eu.

Porra, parceiro, que merda tinha acontecido?

Olhei ao redor, tentando buscar alguma explicação pra aquela merda, mas todo mundo tava seguindo o rolê normal, sem nem ligar pra nossa presença.

Voltei a olhar pra ela, quando virou de costas, e botou a bolsa do Jorge no ombro.

Lívia: Quero ir pra casa.

A voz de choro me dava certeza de que eu não tava ficando louco, e que tinha coisa errada.

Nem tive tempo de perguntar, ela virou as costas e saiu com o Jorge. Eu só acenei pro Cobra, peguei as parada que tavam faltando, e fui atrás, pô.

Eu abri o carro e a Lívia se enfiou no banco de trás junto com o Jorge. Ela nunca tinha feito isso. Até quando o moleque era muito bebê, ela colocava na cadeirinha e sentava do meu lado.

Nocaute - A profeciaOnde histórias criam vida. Descubra agora