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Thiago
27 de Maio de 2024 Morro do Boi, Itaim Paulista Zona Leste, São Paulo.
Os dias tavam passando rápido demais. Era rotina de treino, de reunião, de publicidade, do meu filho, da minha mulher, da nossa casa e ainda tinha que render uma atenção pra minha mãe e pra minha irmã.
Logo menos o meu pivete ia fazer dois meses e eu não tava nem pronto pra isso.
Mas eu não tinha esquecido do vídeo e da tentativa de foder como a minha vida e a minha relação. Ainda tinha aquela fita pra resolver, e descobrir quem era o arrombado do caralho que queria ir pro inferno mais cedo. Mas primeiro, quis ficar na moral com a Lívia, e depois que nós ficou suave, eu foquei nessa meta.
Nem tinha que treinar, era minha folga, mas mesmo assim resolvi ir pra academia.
Eu tinha que ficar de olho no Guerreiro e ver o que tava aprontando. Tava ligado que se não fosse ele, era o Peixe. Tinha só que tirar minhas dúvidas com um, e se não fosse esse, era poucas ideia no outro.
Treinei bem na moral. Mas minha atenção não saía do Guerreiro, que tava todo estranho, de cabeça baixa toda vez que passava perto de mim. Eu nem tava entendendo aquela fita, mas comecei a entrar na neurose.
Tinha sido ele, pô. E quando viu que não conseguiu o que queria, ia ficar se escondendo do cara.
Ah, mas ele tava sonhando muito.
A última luta do dia, era sempre no mano a mano e nós podia escolher o nosso adversário. Era tipo uma forma que o Cobra deixava nós mais livre, pra lutar com quem quisesse.
Procurei ele com o olhar.
O cara tava conversando com outro mano, perto do tatame. Cheguei na moral, com os braços cruzados na frente do peito. Ele me olhou, disfarçou e voltou a olhar pro parceiro do lado dele.
Thiago: Tá com medo de quê? - o filho da puta virou o rosto, pra olhar na minha direção - Quero lutar com tu.
Ele passou a mão na nuca e negou com a cabeça.
Guerreiro: Já tenho parceiro.
Thiago: Vai correr, pô?
O Guerreiro tava fugindo, mas não parecia ter medo. Pique que ele era esquentado, e quando ouviu o que eu falei, se pilhou na hora.
Ele me encarou com a pior cara, mas eu nem me intimidei. Mantive o olhar até ele passar por mim, esbarrando o ombro no meu, e indo pra cima do tatame, prendendo a luva na mão.
