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Lívia 

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Lívia 

26 de Setembro de 2024
Vila Aurora
Zona Norte, São Paulo.

A cada nova pessoa que eu via chegando em minha casa, o meu coração disparava mais e mais. Minha ansiedade era tão parecida com quando contamos para toda a nossa família que o meu Jorge estava a caminho, que parecia até mesmo um dejavu.

Mas, apesar da sensação ser semelhante, não existia uma tempestade dentro de mim, como da primeira vez. Dessa, minha mãe estava comigo. Eu não tinha medo das reações do Thiago, e ele estava muito mais aberto a conversas, do que antes. E isso me deixava um tanto quanto mais confiante.

Afinal, agora eu não devia nada a ninguém. Minha vida estava totalmente reestruturada, ao lado da minha família.

Os meus pais, assim que chegaram em minha casa, me chamaram até a cozinha porque eles precisavam ter uma conversa a sós comigo. Eu esperava por tudo, menos um bombardeio de perguntas.

Luciana: Você sumiu e nem falou direto com a gente. Do nada, marca esse encontro com todo mundo. O que aconteceu aqui? - perguntou, encostando na pia e cruzando os braços.

Lívia: Eu fiquei doente, já disse.

Meu pai estreitou os olhos pra mim.

Jacaré: Essa desculpa nem cola mais, garota. Fala aí.

Bufei.

Lívia: Na hora certa vocês vão entender melhor.

Luciana: Lívia - ela chamou, quando eu virei as costas pra fugir daquela conversa. Me virei para olhar para a loira - Você e o Haridade estão bem?

Lívia: Estamos, mãe. Eu juro que não é nada demais.

Jacaré: Tu jura memo? - assenti - Qualquer fita tu sabe que pode falar com nós. Tão precisando de alguma parada?

Lívia: Gente, vocês são uns fofos, mas vão me deixar maluca. Eu estou falando que não é nada demais e que na hora certa vocês vão entender melhor tudo isso. Não precisa se preocupar. O Jorge está ótimo, eu estou ótima, o Thiago cuida muito bem da gente.

Mesmo desconfiados, eles me liberaram, e ai eu entendi que nunca mais podia sumir desse jeito, ou então minha família surtaria.

Quando voltei pro lado de fora, as únicas pessoas que estavam faltando, tinham acabado de chegar. Eu já fui logo paparicar a minha afilhada, no colo da mãe dela e na mesma hora o J abriu um chororô, querendo pular do colo da dinda dele, para o meu colo.

A titia Bia, como o bom flash que era, pulou do sofá onde estava e pegou o Jorge do colo da minha irmã, para acalmar ele. Na verdade, eu evitava pegar o J de pé, pra não fazer esforço e seguir a recomendação médica nesses primeiros meses e não passar por mais nenhum susto. A Bia sabia muito bem disso, e era minha maior salvação. Disfarçadamente eu me sentei em uma cadeira e só então ela entregou meu filho no meu colo.

Nocaute - A profeciaOnde histórias criam vida. Descubra agora