Capítulo 53 - Loucura

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KALI:

Depois da conversa intensa que tive com o Anthony, o delegado, pediu a um de seus homens de confiança para me levar até o hospital para ver minha mãe.

— Tchau, Anthony. — me despedi, emocionada.

Assim, entrei num carro vermelho, e enquanto o homem conduzia o veículo pela estrada, senti um turbilhão de emoções pulsando em meu peito fortemente. Ao chegarmos no hospital, fomos guiados até o quarto de número 22, onde minha mãe estava internada.

— Espere aqui, por favor. — pedi ao homem que me acompanhava.

Ele assentiu. Então, adentrei no quarto, o qual estava tão silencioso que o som dos aparelhos médicos se destacavam. Meu coração apertou em vê-la naquele estado, prostrada sob a cama, com uma máscara de oxigênio cobrindo seu rosto e recebendo soro em suas veias.

Isso me fez lembrar das palavras duras que trocamos durante nossa discussão naquele dia e o arrependimento amargo me consumia por inteiro. Toco gentilmente em sua mão, e começo a chorar baixinho.

— Mãe... Me desculpe. — sussurrei abalada. — A culpa foi toda minha. Eu só... Queria fazer o melhor para nós duas.

Mais lágrimas desciam de minha face, e eu não consegui me conter. Ela estava naquela situação por minha causa. Eu puxei uma cadeira e me aproximei da cama de minha mãe, segurando sua mão cuidadosamente. As palavras pesavam em meu coração, e eu sabia que uma hora precisava contar a verdade à ela.

— Mãe... Eu tenho que te contar algo muito difícil. Por causa da minha busca por vingança, acho que acabei me apaixonando pelo homem que destruiu nossa família. — revelei, deixando que as lágrimas escorressem do meu rosto a cada palavra que pronunciava.

Enquanto eu confessava meus possíveis sentimentos por Kevin, percebi que apesar daquele jeito esnobe, por dentro, ele era gentil, infantil às vezes, protetor e amoroso. Mesmo com a fama ruim que ele tem.

De repente, algo aconteceu. A minha mãe mexeu pela primeira vez e apertou suavemente minha mão, chamando assim minha atenção. Eu a olhei atentamente, com a esperança que ela tivesse prestes a acordar.

— Mãe! Mãe, você está me ouvindo? Sou eu, Kali, sua filha. Por favor, acorde. — chamei emocionada.

No entanto, ela começou a tremer e teve uma convulsão. Meu coração disparou de medo e desespero.

— Socorro! Ajuda! — gritei em pânico.

Prontamente, o médico que passava por perto do quarto, ouviu meus gritos e rapidamente agiu, acompanhado de uma equipe de enfermeiros. Eles me pediram para que eu saísse dali, preocupados em garantir a segurança da minha mãe.

Fiquei atordoada em meio aquela confusão, mas obedeci agilmente, e saí do quarto com lágrimas nos olhos. O medo de perdê-la se tornou ainda mais real. Enquanto eu esperava os médicos a salvarem, veio em minha mente a imagem de Kevin e o ultimato que ele me deu na delegacia.

Lembrei-me dos nossos momentos que passamos juntos, das conversas profundas e de até situações engraçadas. Kevin havia se tornado um apoio importante para mim durante nossa convivência, e agora eu me questionava se realmente deveria seguir em frente com minha vingança ou se havia chegado a hora de reconsiderar minhas escolhas.

De repente, o médico saiu do quarto e me aproximei dele de forma apreensiva.

— Conseguimos estabilizar o quadro da sua mãe. No entanto, ela está muito fraca e precisa de um descanso absoluto. É crucial que ela não seja aborrecida, senão pode atrapalhar o tratamento. — explicou o médico.

Assenti, compreendendo a gravidade da situação.

— Sei que é um momento difícil para você, mas estamos fazendo o possível para cuidar dela. Por favor, tente descansar também. — sugeriu ele.

— Obrigada, doutor. — agradeci.

Depois disso, verifiquei meu celular e vi as horas. Sinto meu destino passando em meus olhos na loucura que irei cometer.

Todos esses anos, eu só queria encontrá-lo e vê-lo atrás das grades, mas ao me aproximar dele, percebi que ele é mais humano e honesto do que eu fui comigo mesma. Esse amor é malfadado, mas é o que eu mais anseio!

Sendo assim, saí correndo do hospital e me apressei em pegar um táxi para me levar até a mansão Bittencourt. O caminho é longo devido ao trânsito, mas estava determinada em vê-lo novamente.

Ao chegar em frente aos portões da mansão, o porteiro que vigiava mandou-me entrar. Sem hesitar, corro em direção à entrada da casa, com o meu coração cada vez mais acelerado. Ao adentrar, percebi a ausência de todos. A mansão estava silenciosa e vazia. Cuidadosamente, subi as escadas, procurando por Kevin.

— Kali! — ouvi uma voz, me chamando por trás.

Ao me virar, percebo que se tratava de Kevin, com um semblante sério e indecifrável para cima de mim.

— Então, o que veio fazer aqui? — ele questionou friamente.

— Vim acertar as contas de vez. — admiti prontamente.

Olhei nos olhos dele e digo firmemente:

— Você tinha razão, eu menti sobre gostar de você. Porém, desde o nosso momento naquele orfanato, me mostrou que amar você foi a coisa mais difícil que já fiz. — confessei com toda sinceridade.

No entanto, sou surpreendida com uma risada cínica de Kevin, me desafiando sobre minhas palavras.

— Prove-me, Kali. Como posso acreditar que você está falando a verdade? Como posso confiar em você depois de tudo que me disse lá na delegacia? — ele retrucou seriamente.

Me aproximo dele suavemente, sentindo a determinação crescer dentro de mim.

— Entendo suas dúvidas. Mas estou disposta a provar que estou falando a verdade. Estou disposta a me entregar a essa loucura de amar você. — respondi convicta.

Nossos olhos se encontraram, transmitindo toda a intensidade dos meus sentimentos.

— Eu não posso forçar você a acreditar em mim, Kevin. Mas se você me der uma chance, eu mostrarei com minhas ações, com o meu amor, que estou te falando a verdade. — afirmei emocionada.

Então, dei meu primeiro passo, segurei seu rosto gentilmente e falei determinada em aceitar esse sentimento que pulsa em meu coração há muito tempo:

— Eu quero você, Kevin Bittencourt.

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