Capítulo 30 - Aceito

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KEVIN:

  Estou deitado em minha cama, esperando ansiosamente por Yonara. Os minutos parecem passar em câmera lenta, enquanto eu fixava meus olhos no celular, esperando desesperadamente por qualquer sinal dela.

  De repente, sinto uma vibração e um suspiro de alívio escapa dos meus lábios ao ver a mensagem de Yonara confirmando que deu tudo certo. Antes que eu comemorasse, ouço uma leve batida na porta. Rapidamente, escondo o celular debaixo do travesseiro e respondo prontamente:

  — Pode entrar. 

  A porta abre lentamente e meu pai, Logan, entra no quarto, com uma expressão de preocupação.

  — Onde está Yonara? — ele questionou intrigado.

  — Eu pedi para ela dormir mais cedo hoje. Ela tem sido uma grande ajuda para mim, pai. — respondi calmamente.

  Meu pai assente, contente por minhas palavras. Então ele me deseja "uma boa noite", e deixa o quarto em silêncio, respeitando minha privacidade. Com meu pai finalmente fora de vista, solto um suspiro, se eu não usasse uma desculpa convincente, certamente ele ficaria desconfiado.

  Sob o manto da escuridão, aguardo pacientemente o momento exato em que todas as luzes da mansão se apagam, sinalizando que todos enfim foram descansar. Deslizo para fora da cama, e apanho meu celular embaixo do travesseiro, ligando a luzinha do aparelho, suficientemente fraca para iluminar meu caminho sem chamar a atenção indesejada.

  Silenciosamente, abro a porta e começo a perambular pelos corredorres da imensa mansão. Apenas o sussurro de meus passos ecoa pelo ambiente, enquanto me encaminho em direção a um quarto antigo e escondido, que poucos conhecem. Esse aposento especial possui uma porta extra nos fundos da casa.

  Ao adentrar no ambiente, encontro Yonara lá, acompanhada por Kali, vendada, amordaçada e amarrada numa cadeira. A tensão no ar era palpável, e um sorriso debochado surge em meus lábios.

  — Parece que ela te deu trabalho. — brinquei.

  — Nem me fale! Ela é tão irritante e ousada! — reclamou Yonara.

  — Agora, saia Yonara. Quero ficar a sós com essa "ladra". — afirmei seriamente.

  A empregada me dirige um olhar inquieto, mas faço um aceno com a cabeça, ordenando a sua saída imediatamente daquele quarto. Ela engoliu suas dúvidas e obedeceu.

  Com Yonara do lado de fora, me apresso para soltar Kali das cordas, retirei das mãos, da boca e por última a venda de seus olhos. Aquele olhar assustado se transformou rapidamente em pura incredulidade.

  — K-Kevin...? — ela indagou, com a voz trêmula.

  — Seja bem-vinda a minha humilde casa. — falei calmamente.

  No entanto, a reação de Kali não era o que eu esperava. Tomada por uma expressão de raiva e descontentamento, ela se levanta bruscamente da cadeira e levanta a mão diante de mim. 

  — Desgraçado! — ela gritou com raiva.

  Um tapa forte estalou em meu rosto, manifestando sua indignação por tê-la trazido até aqui de um jeito inusitado.

  — Você  está louco, Kevin?! Como pôde fazer algo tão invasivo, tão absurdo?! — ela discuttiu ferozmente.

  — Kali, por favor, escute. Talvez eu tenha ido longe demais ao te trazer aqui assim, mas eu precisava te ver, conversar com você pessoalmente. — expliquei.

  — Não há justificativa para o que você fez! — ela declarou magoada. — Podia ter sugerido um encontro normal, mas não precisava disso tudo, Kevin. Você não tem ideia do medo e da angúsita que senti... Achei que fosse morrer!

  Logo, lágrimas começaram a brotar de seus olhos, misturando-se com a dor que sinto ao vê-la tão abalada. 

  — Eu jamais quis te assustar, eu juro. Apenas queria uma chance para conversarmos. — confessei, arrependido.

  — Não interessa agora! — ela reclamou.

  Nossos olhares se concentram um no outro, com as emoções bem conflitantes. Respiro fundo, reunindo coragem para confrontá-la diretamente sobre as minhas dúvidas.

  — Kali, você é tão insensível a ponto de não se importar com o acidente de carro do seu namorado? — perguntei frustrado.

  Mas ela me dirige um olhar perplexo, arqueando uma de suas sobrancelhas e responde sarcasticamente:

  — Bem, Kevin, eu me pergunto se um namorado que diz se importar tanto comigo, tomaria decisões extremas apenas para me ver.

  Sinto o peso de suas  palavras, mas me recuso a fugir daquele assunto. Encaro-a de volta, determinado.

  — E o que se pode dizer sobre você, hein? Seus sentimentos por mim são verdadeiros?  — questionei.

  — Claro que sim! — ela respondeu sem hesitar.

  Apesar de sua confirmação, ainda não consigo confiar plenamente em suas palavras.

  — Então me prove! Venha passar a noite na mansão comigo. — sugeri, com um pequeno sorriso brincalhão nos lábios.

  Ela arqueia uma sobrancelha, surpresa pela minha audácia.

  — Ok. Eu aceito! — ela declarou confiante.

  Nossos olhares se encontram de maneira desafiadora e intensa, naquele momento, entendi que se ela quer jogar, devo perceber suas reais intenções primeiramente. Seria o ponto crucial para ver que tipo de relacionamento teríamos futuramente. 

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