Capítulo 61 - Rompimento

18 0 0
                                    

KALI:

  — Droga! Eu fui uma completa idiota em confiar nele... Outra vez! — exclamei, visivelmente irritada comigo mesma.

  Eu caminhava de volta para casa, arrastando meu pés cansados pela rua. Sentia-me toda suja e melequenta de comida, mais lágrimas persistiam em escorrer do meu rosto. Mas por dentro, meu coração estava tomado pela raiva, me sinto traída e enganada, e tenho toda razão para isso.

  Enquanto passo pelas pessoas, consigo perceber seus olhares maldosos de reprovação sobre mim. Eles me julgam e me rotulam como uma vadia vulgar perante a sociedade. É como se todos soubessem o que aconteceu e estivessem me condenando logo de cara, sem nem mesmo ouvir a minha versão dos fatos.

  Finalmente cheguei em casa, deixei minhas coisas na sala, e corri imediatamente para o banheiro. Liguei o chuveiro e entrei debaixo d'água, ainda vestida. 

  A água quente caía sobre mim, me envolvendo e me acalmando aos poucos. Sinto a necessidade de me livrar de toda a imundície e da vergonha que me cercam. Bem lentamente, eu tiro minhas roupas e escuto uma voz pairando em minha mente: Como você pôde ser tão ingênua, Kali?! Como não percebeu que estava sendo enganada?

  O ódio me dominava novamente, mas agora estou determinada a concretizar de vez a minha vingança, aquele playboy irritante terá o que merece!

  Com as mãos trêmulas, começo a esfregar minha  pele com força, como se pudesse me livrar de todas as impurezas que marcam o meu corpo. Após esse banho, saio do chuveiro e me envolvo em uma toalha macia. Caminho até o meu quarto e abro o armário. Meus olhos param em um vestido laranja curto de crochê, era simples, mas realçava o meu tom de pele.

  Saio do quarto e chego à sala, quando ouço meu celular tocar. Olho para a tela, mas decido ignorar a chamada. Neste momento, eu preciso de um tempo só para mim. E preciso planejar o que devo fazer em seguida.

  Eu me deito no sofá, e aos poucos, o cansaço logo toma conta de mim. Adormeço ali mesmo, em um sono profundo e tranquilo, me desconectando assim do mundo ao meu redor.

  De repente, sou acordada por uma batida insistente na porta. Ainda sonolenta, levanto-me e percebo que dormi por três horas. Fico frustrada ao ouvir novamente a batida na porta.

  — Já vai! — gritei emburrada.

  Caminho até a porta e finalmente a abro, revelando a presença inesperada de Anthony. Sem hesitar, ele puxa meu braço e me abraça fortemente. Fico imóvel, não sabendo como reagir diante daquela cena. 

  Depois de um breve momento de silêncio, consigo reformular uma frase.

  — A-Anthony... O que você está fazendo aqui? — indaguei, ainda incrédula.

  — Eu vi o vídeo circulando na internet. Fiquei tão preocupado com você! Tentei ligar, mas você não atendia. Então decidi deixar a delegacia por um momento para vir te ver. — ele se explicou, ainda me abraçando.

  Afasto-me dele, com um olhar melancólico.

  — Desculpe por não atender suas ligações. Eu apenas precisava de um tempo sozinha. — digo suavemente.

  Então, Anthony pega na minha mão delicadamente e com um semblante apreensivo responde sem nenhuma timidez:

  — Entendo, Kali. Mas eu não podia deixar de vir aqui para ter certeza de que você está bem. Você é muito importante para mim!

  Fico emocinada por suas palavras e o abraço novamente, deixando sua presença me confortar por alguns minutos. Ainda permanecíamos do lado de fora, até que ouvimos uma voz grave e estridente nos interromper.

  — Que pouca vergonha é essa?! — exclamou a voz, visivelmente irritada.

  Com o susto, Anthony e eu nos afastamos, e ao nos virar, encontramos Kevin nos encarando com um olhar assustador. Pelo seu estado e pelo som da sua voz, era evidente que ele havia ingerido álcool.

  — O que está fazendo aqui, Kevin? — indaguei espantada.

  — Por quê? Preciso de um motivo agora para vê-la?! Mal terminou comigo e já está se agarrando com outro, sem escrúpulos! — ele acusou.

  — Você não tem o direito de me julgar! — respondi, sentindo a raiva tomar conta de mim.

  Kevin me encara de maneira enfurecida e avança em minha direção. No entanto, Anthony, por sua vez, não o deixou se aproximar.

  — Terá que passar por cima de mim, se quiser chegar perto dela. E posso te garantir, que daqui você não passa! — afirmou Anthony, determinado.

  — Kali, eu preciso conversar com você! É importante. — insistiu Kevin, com os olhos avermelhados. 

  Foi então que decidi intervir naquela situação, antes que os dois saíssem no tapa.

  — Anthony, por favor, entre e espere por mim lá dentro. Eu já volto. — pedi calmamente.

  Ele assentiu lentamente e fez exatamente o que pedi. Quando voltei meu olhar para Kevin, percebi sua expressão furiosa diante de mim.

  — Ok, eu menti para você sim. E a usei para ganhar uma aposta! — ele admitiu, arrependido. — Mas antes disso tudo acontecer, eu já estava interessado em você. De verdade.

  Um riso amargo escapa de meus lábios.

  — E eu deveria acreditar em você? Isso é só mais uma das suas mentiras! — contestei de forma desdenhosa.

  Então, Kevin se aproximou de mim e segurou gentilmente minha mão. Ele a colocou sobre seu peito, e me olhou profundamente em meus olhos.

  — Kali. Você me pertence desde aquela noite de amor. E eu pertenço a você. Somente a você. — ele respondeu de forma sincera. — Você não sente mais nada por mim?!

  Logo, lágrimas silenciosas escorreram de meus olhos, mas seguro-me para não chorar na frente dele.

  — Amar você foi a coisa mais difícil que já fiz, Kevin. Mas também foi a melhor coisa que me aconteceu. — confessei emocionada. — Só é uma pena... Que você continua sendo o mesmo canalha de sempre, e agora percebi que não vale a pena persistir nesse amor.

  Incapaz de aceitar minha rejeição e o rompimento do nosso relacionamento, Kevin me puxa para si, envolvendo-me em seus braços fortes e me beija fervorosamente. Indignada, empurro-no para longe e desfiro um tapa em seu rosto.

  — Você é um louco desgraçado! — gritei irritada. — Se você fizer isso de novo, eu vou denunciá-lo! E vou pedir para o Anthony te prender.

  Mesmo com a bofetada ardendo em sua face, ele me dirige um olhar cínico com um sorriso debochado.

  — Teria a ousadia de me prender, Kali Park?! — Kevin perguntou de forma desafiante.

  — Claro que sim! — respondi firmemente. — Agora, saia daqui!













Acidentes do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora