Capítulo 34 - Não se atreva

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KEVIN:

  Com a saída de Kali na mansão, caminho a passos pesados e apressados pela casa, procurando por Yonara. Até que a encontro na parte de trás da casa, onde os empregados lavam as roupas dos patrões. Também percebo a existência de varas com toalhas e lençóis pendurados para secarem.

  Vejo a sombra de uma moça esbelta projetada pela luz do sol num lençol branco. E de repente, reconheço a voz, era Yonara. E parecia estar murmurando sobre algo relacionado a Kali.

  — Aquela macaca da peste... Se ela não existisse, o patrão nunca teria sido rígido comigo. Por que ela não morre de uma vez?! — resmungou ela.

  As palavras de Yonara me atingem como um soco no estômago e num impulso, revelo minha presença impetuosa e avanço sobre ela, segurando seu pulso fortemente.

  — Você me desobedeceu! — digo ferozmente.

  — Kevin, me solte! Do que você está falando? — ela pergunta assustada, e com um olhar confuso.

  Eu a encarei seriamente, com a raiva fervilhando dentro de mim. 

  — Não minta pra mim, Yonara! Foi você que empurrou a  Kali na piscina. Você queria matá-la! — acusei, com a voz carregada de amargura.

  Ela me dirige um olhar arregalado, tomada por surpresa. E rapidamente se liberta das minhas mãos.

  — Eu não tentei matá-la. — ela se defendeu firmemente.

  — Admita, Yonara. Você a empurrou na piscina por causa de vingança. Você nunca poderia atentar contra a minha vida, então a usou para me atingir, não foi?! — a acusei, com um semblante sério.

  — Sim, eu detestei ser usada, Kevin. E odiei mais ainda por aquela macaca preta se intrometer entre nós. — ela confessou, de forma desdenhosa. — Mas eu não pretendia machucá-la gravemente.

  Meus olhos ficam apreensivos diante da crueldade de Yonara. Eu sabia que ela sempre foi ciumenta entre as minhas ficantes, mas nunca pensei que ela fosse capaz de machucar alguém.

  — Eu fui bem claro, não fui?! Se você encostasse um dedo em Kali, eu a faria se arrepender amargamente! — discuti.

  — Eu ouvi da primeira vez, mas se eu fosse você, não faria nada comigo! — ela disse com um sorriso cínico.

  — Está me ameaçando? — questionei incrédulo.

  Ela dá de ombros e revela:

  — Se me castigar, serei obrigada a contar ao seu pai sobre o seu interesse estranho naquela mulher.  E me pergunto o que ele vai achar, quando descobrir que ela é uma negra. — provocou Yonara debochadamente.

  — Não se atreva... — comecei.

  Porém, ela me interrompeu de forma abrupta e contestou:

  — Tem razão, nunca me atrevi desafiá-lo, Kevin. Mas as coisas mudaram.

  — O que quer dizer? — indaguei sem entender.

 — Eu posso até ser uma empregada e seu brinquedinho sexual. Mas eu não sou cega! Eu posso ver através de você. E sei que você está interessado naquela macaca da peste. Você enlouqueceu de vez, Kevin?! Está me trocando por aquela vadia preta?! — interrogou Yonara com desprezo.

  Caio na risada pela petulância de Yonara. Parece que eu a subestimei ela durante todos esses anos.

  — Meu pai e até os outros podem controlar as coisas ao meu redor, mas o meu corpo e o meu coração, ninguém pode controlá-lo. Nem mesmo você. — retruquei seco.

  — Será mesmo? Encontre aquela moça de novo e vamos ver o que o seu pai achará dela. — rebateu Yonara.

  Franzo o cenho, irritado, por estar nas mãos de Yonara.

  — O que você quer de mim? — perguntei diretamente.

  Ela sorri e com um olhar malicioso sobre mim, ela sussurra sedutoramente em meu ouvido:

  — Quero você. E se tentar me recusar, as consequências aconteceriam em grande escala. Se eu fosse você, não tentaria jogar com a sorte. Pode se queimar. — ela sugeriu, com palavras provocantes.

  Eu bufo de raiva. Então seguro Yonara fortemente pela cintura e ela me toma com um olhar malicioso. 

  Com ela em meus braços, a encaro seriamente e digo:

  — Você deveria ter pensado duas vezes antes de mexer com Kali. 

  — Se você não tivesse me enganado ontem, Kevin, eu não precisaria ter mexido com ela. — retrucou Yonara com desdém em sua voz.

  Eu a pego no colo, e ela entrelaça as pernas na minha cintura. 

   — Vamos acertar as contas agora, Yonara. — afirmei confiante.

  Eu a levo até o grande tanque cheio de água e sabão, e nós dois entramos, com ela ainda envolvida em meus braços. Então comecei a beijá-la arduamente e ela sorria de prazer.

  — Isso é tudo que você queria? — perguntei, com a voz abafada pelos beijos.

  Ela riu sarcasticamente e respondeu convicta:

  — Isso... É apenas o começo, Kevin.

  Apesar de estar ali transando livremente com ela, por dentro, eu estava fazendo isso para  manter Kali segura. E se isso significa de satisfazer os desejos de luxúria de Yonara, então é o que farei!

  Mesmo a repudiando por estar me chantageando, ela não se atreverá a mexer com a minha Kali, porque eu sei o quanto aquela garçonete atrevida não é uma mulher qualquer. Ela é única e especial. Ela é forte. E quem se atrever a bater de frente, sairá queimado de verdade!



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