Capítulo 56 - Chantagem

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KEVIN:

  A luz do sol da manhã se infiltrava pelas frestas das cortinas, iluminando o quarto de maneira suave. Eu ainda podia sentir o calor de Kali ao meu lado, seu perfume doce misturado com o aroma do desjejum que ainda pairava no ar. 

  Eu a envolvi num abraço gentil, puxando-a para mais perto de mim.

  — Kali. — murmurei, inclinando-me para beijá-la.

  No entanto, ela se afastou, com um sorriso brincalhão nos lábios.

  — Mais tarde, Kevin. Estou atrasada para o trabalho. — ela explicou. — Preciso passar na casa do delegado Anthony primeiro. Vou te encontrar mais tarde na empresa, ok? Vou te enviar os compromissos da manhã pelo celular. 

  Senti um aperto no peito ao ouvir o nome de Anthony. Eu sabia que Kali trabalhava em sua casa, mas honestamente, eu não conseguia evitar o meu ciúme que sentia sempre que ela o mencionava. 

  — Você ganha um salário melhor do que uma diarista, Kali. Por que ainda trabalha na casa dele? — perguntei, tentando manter o controle da minha voz.

  Então, Kali me dirigiu um olhar sério e contestou:

  — Já disse que o ciúmes não lhe cai bem, Kevin. Lembra, o Anthony e eu somos apenas bons amigos. E você... Você pertence a mim. Por acaso esqueceu dos votos que fizemos um ao outro na noite passada? 

  — Me desculpa, minha linda. Você tem razão. — assenti, dissipando meu ciúme aos poucos.

  Eu sabia que Kali estava certa. Nós havíamos feito promessas um ao outro, e eu estava disposto a cumpri-las até o fim. Em seguida, segurei o rosto dela entre minhas mãos e a beijei delicadamente na testa. Kali fechou os olhos por um momento, e vejo um pequeno sorriso surgir em seus lábios.

  De repente, uma batida apressada na porta nos fez saltar. Imediatamente, Kali me encarou com uma expressão confusa, com um olhar tomado de surpresa.

  — Quem poderia ser? — ela sussurrou, olhando para à porta.

  Dei de ombros, tão confuso quanto ela.

  — Não faço ideia. — confessei baixinho.

  Sem demora, ela pegou o restante de suas coisas, pronta para sair correndo. Porém, eu a segurei pelo braço, tentando acalmá-la. 

  — Vamos esconder você. — digo, guiando-na até meu closet.

  Havia um compartimento secreto no closet, um lugar que eu usava em emergências. Ele levava a um quarto secreto, um lugar onde Kali poderia se esconder até que eu descobrisse quem estava batendo na porta. 

  — Espere aqui. — pedi, ajudando-na a entrar no compartimento. — Vou distrair quem quer que seja. 

  Com um aceno de cabeça, Kali desapareceu pelo quarto secreto, rapidamente fechei a porta atrás dela, respirei fundo e fui atender.

  Ao abrir a porta, me deparei com Yonara. Ela estava com um sorriso provocador nos lábios e vestia uma roupa sensual vermelha, bem diferente do seu uniforme cinza de empregada naquela casa.

  — O que você quer? — indaguei seriamente.

  No entanto, Yonara, presunçosa como sempre, entrou no quarto sem ser convidada. Ela olhou em volta, notando a ausência de Kali.

  — Parece que a noite não foi tão divertida entre vocês dois. — ela debochou, rindo maldosamente.

  — Saia daqui agora, Yonara. — adverti, irritado.

  Mas ela apenas riu. Seu olhar recaíu sobre a bandeja de comida ainda sobre a cama.

  — Você é patético, Kevin! — ela disse, pegando um morango e comendo-o com um olhar provocador. — Se apaixonar por uma pobretona cafona como aquela mulher... Está definitvamente fora do seu juízo, querido!

  Quando eu estava prestes a expulsá-la novamente, Yonara revelou algo que me deixou apreensivo.

  — É melhor me ouvir, caso contrário, é a sua namoradinha que sairá perdendo. — ela provocou com desdém.

  — O que quer dizer? — perguntei sem entender.

  — Eu tenho um plano ambicioso, Kevin. E envolve aquela macaca da peste. Então... Vai me ouvir ou vai me expulsar? — ela replicou.

  Engoli em seco, sentindo um nó amargurado se formar em minha garganta. O que Yonara estava planejando? E como isso poderia afetar Kali?

  — Desembucha! — retruquei.

  Então, Yonara retirou um celular de sua bolsa e mostrou-me um vídeo gravado. Quando meus olhos caíram sobre a tela, meu coração afundou no peito, era um registro íntimo da noite passada entre Kali e eu. 

  Furioso, tentei tomar o celular das mãos de Yonara, mas ela se afastou com um sorriso maldoso nos lábios. 

  — Você não vai conseguir, Kevin. — ela riu de volta. — Existem várias cópias desse vídeo, cada uma mais entretida do que a outra. 

  A raiva queimava dentro de mim, enquanto eu processava as palavras de Yonara. Claramente, ela estava me chantageando, usando esse vídeo como uma arma para arruinar a reputação de Kali, que já era denegrida pela sociedade.

  Eu senti um misto de desespero e impotência. Como eu poderia escolher entre proteger a mulher que eu amo e ceder as chantagens de Yonara? Era uma situação impossível, um beco sem saída!

  Novamente, tentei avançar em direção à Yonara, determinado a tomar o celular à força, mas ela se afastou novamente, mantendo-o fora do meu alncance.

  — Parado! — ela sorriu satisfeita, ao ver que conseguiu me atingir. — Eu te dou um prazo de 24 horas para pensar na minha proposta. Mas saiba que, se você me enganar ou aprontar alguma, eu não hesitarei em colocar esse vídeo na internet! — ela ameaçou.

  — Você está blefando! — afirmei.

  — Será mesmo? Pois saiba que se você não ficar comigo, também não poderá ficar com ninguém. Muito menos com aquela macaca! E acredite, se não tomar uma decisão rápida, não hesitarei em agir. 

  Fiquei ali, completamente parado, observando Yonara se afastar, com um misto de raiva e apreensão circulando em minha mente. 

  Eu tinha apenas 24 horas para decidir o que fazer, enquanto Yonara segurava minha vida e a reputação de Kali em suas mãos. Era uma escolha complicada e o tempo estava correndo contra mim.

  — Droga! — pensei, visivelmente irritado.




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