KALI:
Depois que Kevin me pediu para esperá-lo em seu escritório, eu saí determinada. Aquela podia ser a minha única chance de investigar.
Ao chegar no escritório dele, fechei a porta suavemente e a tranquei. Em seguida, fechei as persianas discretamente para que ninguém percebesse que fui eu, a pessoa que havia entrado ali.
Feito essas coisas, olhei atentamente em volta do escritório e não percebi nenhuma câmera também. Confiante, me aproximei na mesa e da poltrona do playboy irritante. Me sentei, e coloquei um pendrive que Anthony me deu, o encaxei cuidadosamente no computador de Kevin.
Então, comecei a navegar nos dados da empresa Diamond com livre acesso, coletando todos os arquivos para análisá-los mais tarde com Anthony.
Enquanto os dados carregavam, notei um papel estranho em cima da mesa, cheia de rabiscos. Tirei brevemente o olhar do computador e comecei a analisar o papel. De repente, meus olhos se arregalaram de medo ao ver o que estava escrito nele. Sinto minha garganta ficar seca, e um embrulho de nervosismo e temor se formam em meu estômago.
— Ele está suspeitando de mim. — pensei, amassando o papel gentilmente e o colocando no bolso. — Preciso agir rápido.
Neste instante, ouvi uma batida na porta e burburinhos do lado de fora, questionando o porquê da porta estar trancada. Olhei novamente para a tela do computador, que mostrava 100% de dados coletados. Imeditamente retirei o pendrive e o guardei também no bolso de minha saia apressadamente.
Saio da poltrona de Kevin, e desbloqueio a porta suavemente, tentando parecer a mais natural possível. Percebo que se travatava de um dos funcionários de Kevin, expressando um semblante confuso por eu estar ali.
— O que está fazendo no escritório do Sr. Bittencourt? — ele questionou seriamente.
— Ah, eu estava apenas procurando alguns documentos que o chefe me pediu. — expliquei, tentando manter a calma. — Ele deve ter se esquecido de mencionar que eu estava aqui.
O funcionário pareceu aceitar a minha explicação e pediu desculpas por interromper. Após a saída dele, respirei fundo, sentindo o peso da situação.
— Preciso avisar ao Anthony. — pensei angustiada.
Saio do escritório, fechando a porta atrás de mim. Caminhei pelo corredor, sentindo o pendrive pesar em meu bolso, com a intenção de chegar até o banheiro feminino. Ao fazer isso, verifico todas as cabines, e suspiro aliviadamente, em perceber que eu estava sozinha naquele lugar.
Graças ao dia anterior, Anthony foi muito gentil e me comprou um celular. Com o número já adicionado do delegado, deslizei meu dedo sobre a tela do aparelho e fiz uma ligação.
— Oi Anthony. — digo firmemente. — Me encontre mais tarde na minha casa, precisamos conversar.
Houve uma pausa do outro lado da linha.
— Você está bem, Kali? — ele perguntou, com a voz cheia de apreensão.
— Estou bem. — respondi rapidamente. — Vou explicar tudo à noite.
Anthony assentiu, embora eu pudesse sentir pela sua respiração através da ligação, que ele ainda estava preocupado comigo.
— Ah, Kali, hoje pela manhã enviei um de meus homens confiáveis para verificar o estado da sua mãe no hospital. Ele me assegurou que ela estava sendo bem cuidada, mas ainda permanecia inconsciente. — ele contou.
Aquela notícia me atingiu como um soco no estômago. O peso da culpa caía sobre meus ombros, e a lembrança da discussão que tivemos, receio ter a magoado muito, fazendo a sofrer.
— Obrigada. — digo meio fraca, por conta da emoção.
De repente, ouvi passos se aproximando do banheiro feminino. Rapidamente desliguei o celular e me escondi em uma das cabines, com o coração acelerado. Segurei a respiração, esperando que quem quer que fosse, não percebesse a minha presença ali.
Ainda estava escondida, quando uma voz irritada ecoou pelo banheiro. Pelo tom, a pessoa estava furiosa. Abri uma pequena fresta para ver quem era e percebi que era a ruiva, a qual eu havia encontrado na sala de reuniões mais cedo com o Kevin. Lembro-me vagamente agora, que o nome daquela mulher petulante se chamava Scarlet.
— Como o Kevin pode ser tão cego em pegar uma preta como assistente pessoal e ainda por cima, namorá-la?! — ela questionou cinicamente.
Senti uma onda de raiva inundar-me após ouvir suas palavras ofensivas contra mim. Sem pensar, saio da cabine com um olhar afiado, assim, surpreendendo-a.
— Você está sendo muito rude, Scarlet. — comentei com desdém. — Não tem medo da sua reputação ser arruinada?
— Ah, olha só quem saiu da toca! A garçonete preta se sentindo ofendida. Pois saiba que você nem têm o direito de exigir nada daqui, Kali. O seu lugar é no lixo, porque é onde coisas pretas, imundas e feias devem estar. — ela replicou.
Num ato impulsivo, desferi um tapa no rosto de Scarlet.
— Lava sua boca antes de falar e olhe para si mesma! Devia saber o quanto é feia por dentro. — digo firmemente.
— Você vai se arrepender, sua vadia! — ela declarou com raiva.
Surpreendida pela minha reação inesperada, Scarlet tentou me atingir de volta, no entanto, bloqueei seu movimento e desferi outro tapa nela.
— Você não tem ideia do que sou capaz. Se ousar a ofender-me novamente, garanto que pagará o preço! — avisei ferozmente.
A tensão entre nós era palpável, mas eu estava determinada a não deixar Scarlet me intimidar. Sabia que precisava me manter forte e proteger minha dignidade naquele ambiente tão escrupuloso.
Mantive um olhar superior sobre Scarlet, deixando claro que suas palavras ofensivas não iriam me abalar. Ela decidiu permanecer calada, enquanto eu saía do banheiro feminino, determinada a seguir em frente.
Ao voltar a andar pelo corredor, ouvi uma voz masculina e desesperadora, chamando por mim. Assim que virei, percebi que se tratava de Kevin. Ao vê-lo do outro lado do caminho, por um momento, ele se esqueceu de todas as formalidades e correu até mim, me abraçando fortemente.
— Onde você estava, Kali?! Fiquei tão preocupado com você! — ele questionou.
Naquele instante, senti uma onda reconfortante no abraço de Kevin. Foi a primeira vez que eu o via tão preocupado por minha causa. E por conta da emoção, deixei-me levar e retribuí o abraço, encostando minha cabeça gentilmente em seu peito.
— Me desculpe. Eu precisava resolver algumas coisas. Mas estou bem agora. — admiti.
Ficamos abraçados por alguns minutos, e eu senti uma pequena conexão genuína entre nós. Talvez em meio àquela farsa, com desafios e segredos, pudesse realmente existir algo real entre nós dois.
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Acidentes do Coração
RomansaKevin, um rapaz rico e mimado, aceita uma aposta para conquistar qualquer garota, mas o destino o leva a Kali, uma moça trabalhadora e resiliente com um passado sombrio. O que começa como um jogo de poder, acaba revelando segredos dolorosos e uma bu...