Capítulo 75 - Meu sangue

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KEVIN:

  Sentado na cela provisória, sentia-me devastado após a partida de Kali. As palavras dela ainda ecoavam em minha mente, mas eu não conseguia encontrar nenhuma memória sequer do dia do incidente. Era estranho, frustrante até! 

  Fechei os olhos e recostei a cabeça na parede, tentando desesperadamente me lembrar, mas parecia a ver uma barreira dentro do meu cérebro que me impedia de acessar aquelas lembranças. 

  Enquanto eu lutava contra minha própria mente, fui interrompido por uma batida metálica, assim, me assustando. Ao abrir os olhos, me deparei com o outro policial parado em minha frente, seus olhos estavam atentos sobre mim, vigiando-me, como se eu fosse algum criminoso. 

  — Aonde está o delegado? Pensei que ele estaria ansioso para me interrogar? — questionei cinicamente.

  — Ele foi levar a moça que acabou de sair para casa. — respondeu o vigia calmamente.

  Aquela resposta me deixou levemente incomodado. Apesar de ter rompido de vez com Kali, e ainda não entender o que era real ou fingimento entre nós, eu ainda tinha sentimentos por ela. Porém, estava tão chateado com ela e comigo também, que não permiti desmonstrar o quanto ela significa para mim.

  — Esqueça isso, Kevin. Seria bem melhor se pudéssemos seguir caminhos separados. — pensei determinado.

  Com um suspiro resignado, olhei para o vigia e falei:

  — Bem, parece que o delegado têm outras prioridades do que cumprir com suas funções, não é?

  O vigia apenas deu de ombros, sem dizer mais uma palavra. Eu me senti preso, tanto literalmente na cela, quanto emocionalmente em relação a Kali.

  De repente, ouço um tumulto do lado de fora da delegacia e percebi imediatamente que era a voz do meu pai, Logan Bittencourt. Sinto meu coração disparar e uma mistura de medo e apreensão tomou conta de mim. Levantei-me rapidamente do chão frio da cela e me aproximei das grades, enquanto o vigia que me observava, agora havia deixado o seu posto, para ajudar seus colegas de trabalho a conter a situação.

  Mas, por mais que tentassem, não conseguiram impedir a entrada do meu pai. Sua presença  intimidadora fez com que os policiais se calassem e ficassem imóveis diante dele. Seu semblante carrancudo e sério, o que dizia que ele não estava para brincadeiras.

  Os passos dele ecoavam pelo ambiente até a cela provisória onde eu me encontrava. 

  — Essa noite deveria ter sido maravilhosa, Kevin. — ele começou, com a voz cheia de decepção. — Mas infelizmente, acabou se transformando em um grandioso desastre.

  — Me desculpe por arruinar o evento e por envergonhá-lo, eu...

  Porém, sou interrompido abruptamente por meu pai.

  — Basta! Você é realmente um filho inútil! — ele discutiu. — Por isso, já tomei minha decisão, o acordo entre nós está desfeito!

  Meu coração estremeceu de medo, sabendo que as consequências seriam mais severas.

  — O que aconteceu hoje no baile é responsável por aquela macaca da peste, que te hipnotizou. Ela fez isso para envergonhar nossa família, mas ela se engana que ficarei de braços cruzados vendo o império que construí, desmoronar sem a minha permissão. — ele declarou, visivelmente furioso. — E eu prometo que farei da vida daquela moça um verdadeiro inferno! 

  — Mas pai... — tento argumentar, mas sou repreendido.

  — Estou farto de ser sempre confrontado pelo meu próprio filho! Você nunca aprende, Kevin. Sempre se metendo em confusões, arrastando o nome da nossa família para a lama! — evocou-se ele.

Acidentes do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora