KEVIN:
Saindo de casa, peço ao Joshua que me levasse a um lugar específico. Rapidamente entramos no carro preto e luxuoso, e o veículo seguiu a viagem pela estrada culminante no restaurante onde eu costumava encontrar meus amigos. Ao chegar, adentro no ambiente, vejo Drake, Harry e, agora mais lúcido, Luke. Acenei para a mesa deles, confirmando minha presença.
Luke, ao me ver, levantou-se de forma abrupta e veio em minha direção. No entanto, de maneira inesperada, desferiu um soco forte no meu rosto. Com o impacto, caí no chão, aquela confusão acabou atraindo os olhares de todos que ali estavam.
Neste momento, Drake e Harry intervieram, segurando Luke para impedi-lo de continuar com as agressões. Levantei-me do chão, passando a mão sobre minha boca e constatando uma mancha de sangue.
— Ficou maluco, Luke?! Pra quê isso?! — questionei irritado.
— Apenas retribuí na mesma moeda, Kevin. Aprendi com você na delegacia. Não se lembra? — ele provocou com desdém.
Enquanto Drake e Harry mantinham Luke sob controle, a tensão pairava no ar, indicando que as consequências desse encontro ainda estavam longe de se dissiparem.
Encarei Luke com fúria nos olhos, pronto para devolver o soco, mas antes que pudesse agir, Harry se interpôs entre nós:
— Kevin, para com isso! Já chega!
— Ele vai pagar caro por isso! — esbravejei furioso.
— Pagar pelo quê? Pelo que você fez na delegacia? Então vêm, não tenho medo de você! — provocou Luke ironicamente.
— Chega, os dois! Não vamos resolver nada brigando aqui. — interrompeu Harry seriamente.
A raiva fervilhava em minhas veias, mas a lógica nas palavras de Harry acabou por me fazer recuar. Porém, mais tarde, daria uma lição em Luke por assediar Kali.
Voltamos à nossa mesa, e a tensão se instalou como uma nuvem sombria. Todos se acomodaram, mas a atmosfera pesava sobre nós. Foi Harry quem, com expressão séria, direcionou sua pergunta a mim:
— Kevin, o que diabos aconteceu entre você e o Luke naquele dia? Ele falou que foi por causa daquela garçonete negra.
Franzi a testa, irritado pela menção da garçonete e pelas lembranças do incidente.
— Luke está distorcendo tudo. Apenas chamei a atenção dele pelo assédio à garçonete. Foi só isso. — retruquei irritado.
— Então, qual é a sua versão, Kevin? — indagou Drake, claramente cético.
Comecei a relatar, destacando o assédio de Luke à garçonete e sua subsequente demissão. Luke, por sua vez, negou veementemente, e a tensão na mesa aumentou ainda mais.
— Pessoas como aquela garçonete, só serve para lamber o chão em que pisamos e servir prontamente nós brancos. Negros não tem nenhum valor para nós! — debochou Luke maldosamente.
As palavras cruéis de Luke sobre pessoas negras me revoltaram, deixando-me momentaneamente mudo.
— Nunca te vi tão interessado em algo assim. Por que isso agora? — questionou Drake preocupado.
Encurralado, permaneci em silêncio, tentando escolher as palavras certas para não revelar meu verdadeiro interesse por Kali.
— Admita! Você tá interessado na garçonete negra, hein, Kevin? — provocou Luke.
A provocação dele pairou no ar como uma faísca prestes a incendiar a atmosfera já tensa.
— Não viaja, Luke. Você tá inventando história! — neguei firmemente.
— Pff, o Kevin não faria algo assim. Seria ridículo! — defendeu-me Drake.
Mas Harry, sempre o observador, trouxe à tona a personalidade ousada da garçonete.
— Lembra como ela era teimosa? Ela seria perfeita para uma das suas apostas, Kevin. — disse Harry com um sorriso desafiador.
Fiquei em silêncio enquanto os meus três amigos trocavam olhares maliciosos. Luke, então, revelou sua ideia com um sorriso sacana.
— Que tal conquistar aquela macaca briguenta e levá-la para a cama? Se conseguir, nós pagamos o valor que você quiser para a aposta. Se perder, cada um de nós ganha um carro de luxo da sua coleção. O que acha? — ele propôs.
Mantive a pose tranquila, aceitando a aposta sem hesitar, assegurando que aquilo seria fácil demais. A tensão na mesa cresceu, criando uma atmosfera de desafio e intriga.
Apesar de manter uma fachada tranquila e confiante diante dos meus amigos, por dentro, eu via aquilo como uma aposta traiçoeira. Depois que meu pai tomou meu carro, estava praticamente sem dinheiro. A ideia de ganhar uma boa quantia com a aposta, aquilo era tentador.
Mas a condição de conquistar o coração de Kali e levá-la para a cama pesava em minha mente. Meu interesse em Kali era real, genuíno e um tanto misterioso, algo que eu não estava disposto a comprometer por uma aposta. Contudo, minha determinação em vencer meus amigos era mais forte. Eu estava decidido a ganhar aquela aposta, mesmo que isso significasse atravessar uma linha que eu preferiria não ultrapassar.
Com a mão batendo na mesa, afirmei confiantemente a minha determinação de vencer aquela aposta. Os risos sarcásticos dos meus amigos não me abalaram, pois eu tinha alguns truques na manga para conquistar aquela garçonete atrevida.
— Vocês vão ver! Ganharei essa aposta de bandeja! — assegurei com um sorriso malicioso, antecipando os passos que eu planejava dar para garantir a vitória.
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Acidentes do Coração
RomanceKevin, um rapaz rico e mimado, aceita uma aposta para conquistar qualquer garota, mas o destino o leva a Kali, uma moça trabalhadora e resiliente com um passado sombrio. O que começa como um jogo de poder, acaba revelando segredos dolorosos e uma bu...