Capítulo 10

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• Maiara Pereira •

Quis matar a minha melhor amiga quando ela começou a rir ao ver minha cara de assustada. Minha cabeça parecia estar programada para aguardar pela próxima catástrofe iminente, mesmo sem qualquer indício de que algo pudesse piorar, considerando o ponto em que cheguei.

Roze: Nossa, você está só o pó!

Forjei uma expressão de asco.

Maiara: Obrigada pela parte que me toca.

Roze: Vai mesmo ficar usando camisetão aqui na loja? Por favor, amiga. — Gesticulou para a minha camiseta preta básica, larga e minha legging de academia cinza.

Maiara: Estou trabalhando. Pra mim, está adequado para trabalhar.

Roze: E se o amor da sua vida aparecer? — questionou, dando um abraço na minha tia antes de se virar para mim outra vez.

Maiara: O amor da minha vida não pertence a esse planeta — brinquei. As duas soltaram gargalhadas que preencheram o ambiente.

Roze: É um extraterrestre, então?

Maiara: Talvez.

Áurea: Leve a Maiara para aproveitar a cidade. Desde que acordou, não parou pra descansar! — recomendou minha tia.

Roze: Tenho boas notícias! — Roze anunciou, levantando as mãos para o céu e nos deixando curiosas. — Conhece o Nero Baltazar, tia Áurea? — Enfatizou o nome como se fosse alguém importante.

Áurea: Sei quem é o velho Baltazar, muito rico... Por quê? — ela perguntou.

Roze: Ele precisa de uma cuidadora extra, fiquei sabendo hoje no meu serviço. Adivinha quem é a pessoa perfeita?

Áurea: Maiara! Ela ama velhinhos — minha tia respondeu, convicta. Encarei as duas com um olhar questionador.

Maiara: De onde tirou isso, tia?

Áurea: Querida, você era criança e queria ajudar os velhinhos a atravessar a rua, não lembra?

Maiara: Mas ser cuidadora é diferente.

Roze: Cinco mil, amiga! — revelou a preciosidade do salário, segurando em meus ombros.

Opa.

Maiara: Onde levo currículo? — brinquei, e Roze riu.

Áurea:Vou fazer minhas orações e eles vão te escolher, querida! — determinou minha tia.

Fofa.

Roze: Amiga, não é currículo, é entrevista por indicação. Eu implorei para a minha amiga que é enfermeira dele pra te indicar e deu certo!

Maiara: Por que ele precisa de enfermeira?

Roze: Ela vai quando ele se machuca, para cuidar dos ferimentos.

Meu pulso disparou.

Maiara: Como assim se machuca?

Roze: Sofre desmaios... da última vez, queimou o braço desmaiando perto da lareira. A questão é: ele pega ranço de todas, não duram nem um mês lá. — Baixou o tom de voz para soltar a fofoca.

Maiara: Está me mandando para ser demitida em menos de um mês?

Roze: Você consegue ganhar a afeição dele, é um docinho de coco. — Não respondi, estava receosa. — Cinco mil...

A parte que me faltavaOnde histórias criam vida. Descubra agora