Capítulo 32

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• Fernando Zorzanello •

As rosas que comprei para a Maiara murchariam se eu demorasse mais para encontrar um presente para o meu filho. Percorri a cidade inteira e entrei em várias lojas, mas não encontrei nada que fosse exuberante o suficiente para marcá-lo. Seria o primeiro, precisava ser bom.

Exausto, entrei em uma loja mais moderna que poderia ter algum brinquedo interessante. Aos fundos, notei itens para crianças, então segui na direção deles. Antes de chegar às prateleiras, fui interceptado por uma menina loira e de baixa estatura. Seu uniforme me dizia que era a atendente do local.

XX: Posso ajudar? — perguntou, sorridente.

Por isso eu nunca me dava ao trabalho de comprar nada presencialmente.

Fernando: Preciso dar um presente para o meu filho de quatro anos.

XX: Certo, me siga.

Acompanhei-a e me desanimei ao ver mamadeiras, chupetas, coisas que ele talvez não precisasse mais. Na última prateleira, encontrei a minha salvação. Bonecos mais modernos e de marcas conhecidas se dispunham nela. Bati o olho em um boneco do Hulk e não tive dúvidas de que o compraria. Ergui o braço e o alcancei na prateleira.

XX: Gostou desse? Podemos embalar para presente.

Fernando: Se puder fazer essa gentileza, eu ficarei grato.

XX: Claro! Vai ser apenas esse mesmo?

Fernando: Por enquanto, sim.

XX: Vamos até o caixa. — Acompanhei-a, até ela diminuir os passos e se virar para me encarar. — Você não é daqui, né?

Fernando: Como sabe?

Ela riu.

XX: Todo mundo se conhece aqui. Se eu já tivesse visto um homem como você, não teria me esquecido.

Pela primeira vez, detestei receber uma cantada. Nem um pouco santo, decidi me aproveitar da sua simpatia para colher informações. Apenas dei a ela um meio-sorriso e aguardei que chegássemos ao caixa. Fiz o pagamento e aproveitei o momento do embrulho.

Fernando: Você conhece a Maiara Pereira? A tia dela tem uma mercearia.

Acenou afirmativamente, com um sorriso de orelha a orelha.

XX: Conheço, nós estudávamos juntas até ela ir embora pra São Paulo.

Fernando: Legal. Ela teve um filho, não é? Não sei se casou. — Usei a pergunta como isca.

XX: Sim! O menino é lindo. Eu o vi de relance na mercearia esses dias. Não sei se ela se casou, perdemos o contato. Mas... acho que não.

Fernando: Por quê? — Encarou-me confusa. — Por que pensa que ela não se casou? — Me fiz entender.

XX: Fiquei sabendo que trabalhava com o Baltazar depois de dois anos. Ela nem saía na rua. Quer dizer, existem boatos de que os dois tinham um caso, mas confesso que não acredito. — Entregou o que eu queria saber, terminando o embrulho do presente.

Fernando: Tem ideia de quem pode ter espalhado isso?

XX: A filha do falecido... mas se perguntarem, não foi eu que te contei.

Fernando: Aline.

XX: Isso. Não gosto daquela menina, sinto uma energia ruim — interrompeu-se. — Espera, você a conhece?

A parte que me faltavaOnde histórias criam vida. Descubra agora