Capítulo 4

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• Fernando Zorzanello •

Voltava para o quarto de hotel, que reservei de última hora, quando um aroma marcante percorreu meu olfato e precisei conferir de onde estava vindo. Cheguei até a imaginar que encontraria um casal trepando no meio do jardim ao ouvir um barulho estranho, já que o aroma me lembrava sexo.

Em vez de encontrar alguém sendo mais feliz que eu, depois de participar de um jantar que eu não queria, consumido por lembranças perturbadoras e pensamentos conflitantes, encontrei uma moça de corpo esguio, cintura fina e cabelos longos caída no chão, de quatro, lamentando de dor.

Aproximei-me, oferecendo a mão para ajudá-la, e fui surpreendido pela sua espontaneidade quando começamos a conversar. Havia algo familiar em seu jeito, uma forte sensação de déjà vu que despertou em mim uma identificação. Sentia que já a conhecia. Como poderia ser possível?

Era bonita, quase uma cópia das modelos estrangeiras com as quais eu me relacionava no intercâmbio. Só não tinha um bom gosto para roupas. Há muito tempo não via um vestido de renda cor de rosa em uma moça de aparência tão jovem.

Sua espontaneidade, no entanto, falhou quando mentiu sobre o próprio nome. Pelo tom de sua voz e desconforto em seus gestos, desconfiei que não era o seu nome verdadeiro. Curioso, queria entender o porquê de ela querer esconder algo tão simplório.

O problema era comigo? Ou com ela? Estava ansioso para desvendar.

Não precisei de muita lábia para convencê-la a subir para o meu quarto. Sabia que era um cara atraente e que chamava atenção das mulheres, mas, por um momento, pensei que ela não aceitaria.

Maitê, definitivamente, não tinha cara de presa fácil.

Acabei duvidando da minha habilidade de levar mulheres para cama em apenas meia hora de conversa, mesmo que ela parecesse estar interessada. Inédito.

Não havia explicação para a atração que senti por ela desde a primeira troca de olhares, mesmo que seus cabelos estivessem uma bagunça e sua roupa suja. Como também não havia explicação para o volume que se formou em minha calça apenas por chupar a carne macia do seu pescoço.

Talvez fosse a boca misturada aos olhos castanhos e severos que me atraíram? Ou o perfume? Ou a originalidade?

Por um motivo desconhecido, eu ansiava transformar o seu dia de azar em um dia de sorte. Poderia até convidá-la a dormir comigo no hotel se ela quisesse, coisa que eu não costumava fazer.

Não sabia o porquê, mas sentia que poderia ser proveitoso com ela.

Segurando firme em sua mão, andando pelo largo corredor, parei à porta apenas para deslizar o cartão pela fechadura eletrônica e esperar que abrisse. Antes que as luzes do quarto se acendessem por completo, puxei-a para dentro, fechando a porta. Subi seu vestido com as mãos roçando em suas pernas e usei meu joelho para afastá-las.

Nem mesmo havia beijado a garota, mas já cogitava se estava molhada e pronta para mim, assim como eu estava por ela. Seus olhos brilhavam em confusão e consegui notar sua respiração irregular, seu peito subindo e descendo em sucessões rápidas. Entreabriu a boca assim que a pressionei contra a madeira da porta atrás dela e encaixei minha perna entre as suas. Nossos rostos estavam a poucos centímetros.

Maiara: Olha, espera, eu...

Maitê não parecia estar bêbada, mas eu ainda não acreditava que ela tinha aceitado subir comigo depois da nossa curta conversa. Ela não parecia ser um alvo fácil, embora estivesse sendo um naquele momento.

Fernando: Você bebeu?

Maiara: Não...

Fernando: Usou drogas?

A parte que me faltavaOnde histórias criam vida. Descubra agora