Capítulo 13

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• Maiara Pereira •

Inacreditavelmente os meus itens furtados foram encontrados. O dinheiro não, mas todo o resto sim. Meus tios eram conhecidos por todos e o policial veio até eles para informar que o bandido foi preso em flagrante ao tentar vender o celular furtado.

Pela descrição, foi o cara que se sentou ao meu lado no ônibus. O mais estranho era ele ser réu primário. Fui a primeira pessoa que ele furtou? Foi por raiva?

O policial alto, de cabelo loiro claro e barba delineada, explicou o que eu precisava fazer para reaver os itens e como seria o proceder. Ele coçou a cabeça e percebi uma mudança brusca em sua expressão. Existia algo a mais.

Áurea: Tentaram aplicar um golpe com o seu número de celular, Maiara.

Olhei para a minha tia assustada com a revelação e me voltei ao policial.

Maiara: Como assim?

Policial: Foram enviadas mensagens para os seus contatos, pedindo dinheiro para uma emergência, e uma pessoa chegou a enviar dinheiro.

Maiara: Ai, meu Deus!

Áurea: Quem? — perguntou a minha tia, fazendo-o abrir uma pasta dentro da viatura para pegar um papel.

Policial: Filomena Zorzanello.

Congelei.

Mesmo que eu a tivesse descartado como quem se livra de uma roupa que cansou de usar, ela acreditou que eu precisava de dinheiro e enviou.

Áurea: É a ex-patroa dela... — respondeu a minha tia em meu lugar.

Maiara: Quanto foi?

Policial: O meliante pediu dois mil, mas ela enviou dez. A equipe está tentando reaver o dinheiro, mas é difícil. O esquema é bem-organizado e eles enviam de uma conta para outra até se perder de vez.

Maiara: Ela já... sabe? — Foi a minha vez de abrir a boca.

Policial: Sim, o departamento ligou para ela e está ciente do ocorrido. — Olhei para a minha tia e, sem dizer uma palavra, ela parecia concordar que eu precisava ligar para a Filomena.

O pedido de desculpa chegaria mais cedo, afinal.

O meu coração ia sangrar um pouquinho mais, afinal.

Depois de toda a conversa informativa, eu estava sentada na área externa, sob a luz da lua, com o celular da minha tia nas mãos. Algo estranho acontecia com o meu corpo. Não só tinha o coração acelerado e me faltava ar, como também sentia meu estômago se contorcer, feito uma dor de barriga.

Apertei no botão verde. Quanto antes eu fizesse, melhor. A chamada foi prontamente atendida, no primeiro toque.

Filomena: Áurea, ainda bem que me ligou! Estou preocupada com a Maiara. Você me disse que ela tinha perdido o telefone, não que o tinham roubado! — Sua voz soou carregada de preocupação.

Maiara: Sra. Filomena...

Filomena: Maiara! — pronunciou meu nome com surpresa, reconhecendo a minha voz.

Maiara: Como você está?

Filomena: Aliviada por estar falando com você, minha querida. Está tudo bem?

Maiara: Está sim, não se preocupe. Acabei de descobrir pelo policial que você caiu no golpe. Estou muito triste. Jamais te pediria dinheiro, jamais.

A parte que me faltavaOnde histórias criam vida. Descubra agora