• Fernando Zorzanello •
Dias depois
Fernando: Mãe, já disse que volto em breve.
Filomena: Fernando, não há nada para você fazer nessa cidade sozinho! Volte, volte, volte! Tudo foi resolvido! — Ouvia seus gritos histéricos pelos alto falantes do meu carro.
Fernando: O que deu em você, mãe? Torcia para que eu descansasse, mas quando resolvo tirar umas férias, enlouquece.
Filomena: Tire férias em outro lugar! Você pediu ao motorista para levar o seu carro, Fernando! Roupas! Uma mala de roupas!
Fernando: Estou conseguindo trabalhar à distância. Aqui tem muito verde, sabe? Uma paz gigantesca — dissimulei.
Filomena: Deixe-me ir até você! Pare de me proibir!
Fernando: Já disse que não. Vamos ter problemas se me contrariar. — Minha mãe só iria atrapalhar.
Filomena: Filho, me escut...
Fernando: Chega, mãe. Ficarei alguns dias e isso é assunto encerrado. Não venha para cá, a não ser que me queira puto com você. Fique bem. Vou desligar.
Filomena: Fernando...
Fernando: Até mais, Filomena. — Desliguei antes que ela pudesse me pirraçar mais uma vez.
Verifiquei minha figura no espelho retrovisor interno. Meu cabelo estava bem penteado e os óculos escuros de modelo aviador, que eu usava junto de um terno acinzentado, combinavam com o papel que eu estava desempenhando.
Descobri o seu telefone de maneira ilegal. Não fui atendido, então averiguei onde estava morando com o filho e resolvi ir ao seu encontro. Minha Porsche preta de vidros fumês estava estacionada em frente à mercearia.
Minha obstinação era de causar inveja, mas o pouco que conhecia da Maiara, imaginava o quão desgostosa ficaria ao me ver.
E o problema era todo dela.
Perguntava-me se, após abocanhar os seus milhões ao fim do inventário, ela continuaria morando ali. Ela ajudaria a tia? A mercearia de bairro não era tão derrubada, mas uma reforma viria a calhar.
Decidido a não perder mais tempo, destravei a porta e coloquei os meus pés calçados em um sapato social para fora do carro. A senhora, que antes se sentava no caixa, se levantou e entrou por uma pequena porta aos fundos.
Acionei o alarme na chave, ouvindo o bipe, e quando voltei os olhos para o interior da mercearia, o vão entre as prateleiras não estava mais vazio. Um garotinho, de cabelos escuros me observava com curiosidade.
Tirei os óculos escuros e sorri para ele, que retribuiu com certa timidez. Desviando os olhos de mim, passou a encarar o carro e a se aproximar. Suas mãos seguravam um boneco do Capitão América.
Felipe: Puxa, que carro grande! — exclamou, chegando à calçada e logo após ergueu o rosto para olhar para mim, a cerca de dois metros de distância.
Fernando: É bem grande mesmo. Quer dar uma volta?
O pequeno suspirou, frustrado.
Felipe: Queria... mas mamãe disse que não pode ir com estranho.
Fernando: Ela está certa. Vai que o estranho é um bandido.
Sua boca se entreabriu. Havia algo muito familiar em seu olhar. Seria loucura se eu pensasse que já o vi em algum lugar antes?
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A parte que me faltava
FanfictionMaiara Pereira é uma jovem modesta e previsível, com o sonho de passar no vestibular para medicina, até que sua patroa a convidou para uma festa de boas vindas e exigiu sua presença na noite que mudou sua vida completamente. Fernando Zorzanello é a...