• Fernando Zorzanello •
Dias depois
Terminei a reunião com o meu provável gestor fantasma, aquele que assumiria processos internos para que eu pudesse estabelecer uma rotina mais maleável. Estava disposto a pagar o tempo que devia ao meu filho.
Depois de descobrir que era pai, a minha insônia desapareceu, mas, após o velório e o distanciamento temporário dos amigos, Maiara relatou que estava demorando mais que o seu normal para pegar no sono e acordava mais tarde do que todos da casa. Se aceitasse dormir no meu quarto, teria um sonífero de efeito colateral, bem adequado e enterrado nela, todo santo dia.
Desci as escadas, tentando não fazer barulho, porque assim que Felipe me visse, não me deixaria fazer o que estava planejando. Quem poderia julgar o meu filho pela carência que sentia? Ele ainda temia que eu saísse e não voltasse. Nero, quando vivo, trabalhava pouco e passava muito tempo com ele. A presença da sua avó amenizava a saudade, mas nenhum amor supria o outro por completo.
Alegrei-me ao encontrar a minha mãe, que passava pela sala em direção à cozinha.
Fernando: Bom dia, amada mãe.
Filomena: O que você quer? — perguntou, erguendo as sobrancelhas.
Pressionei um lábio no outro para não rir. Ela sabia que se eu não a chamasse de "minha velha" era porque queria algum favor.
Fernando: Onde está o meu amado filho?
Filomena: Na cozinha, apresentando os seus bonecos pela décima vez para a Nete. Vamos nos juntar para o café da manhã? Cadê a minha flor?
"Minha flor". Suspeitava que minha mãe amava mais a Maiara do que eu, o que de nenhuma maneira me incomodava.
Fernando: Então, preciso que segure Felipe aqui e não o deixe subir até descermos.
Meu pedido a fez franzir a testa, ao menos até onde a toxina botulínica a permitia.
Filomena: Espera. Não é o que eu entendi, é?
Fernando: Precisamos ter uma conversa privada, mãe — dissimulei.
Filomena: Hum, conversa... e isso impede seu filho de subir? É só trancar a porta.
Fernando: Como se ele não fosse tentar abrir e ficar batendo até alguém destrancar.
Os olhos dela se arregalaram em uma possível constatação, do dia em que ela precisou subir às pressas, porque Felipe se desesperou pensando que a mãe e o pai estavam presos no quarto.
Estávamos, mas era de propósito.
Filomena: Então aquele dia...? Fernando!
Fernando: Foi só o tempo de finalizar. — Ela me deu um tapa no braço, que só me fez rir.
Filomena: O que você e a Maiara são? Exijo um posicionamento. Vamos, me diga.
Fernando: Não sei.
Filomena: Não sabe? — questionou, perplexa.
Fernando: Por que isso importa? Somos, sei lá, namorados.
Filomena: E você a pediu em namoro?
Fernando: Alguém faz essa breguice hoje em dia? Namoro é algo que se subentende.
Filomena: Pare de enrolar ela, filho!
Fernando: Não estou enrolando ninguém. Esperei que se sentisse melhor, e agora apenas estou finalizando algo importante. E não insista que não te direi o que é, porque sei que não aguenta a língua dentro da boca.
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A parte que me faltava
FanfictionMaiara Pereira é uma jovem modesta e previsível, com o sonho de passar no vestibular para medicina, até que sua patroa a convidou para uma festa de boas vindas e exigiu sua presença na noite que mudou sua vida completamente. Fernando Zorzanello é a...