Capítulo 5

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• Maiara Pereira •

Trancada no banheiro, encarava uma crise de ansiedade sufocante. Minhas mãos tremiam, meu coração queria sair pela boca, me faltava ar. O que eu tinha acabado de fazer?

Não importava se eu havia acabado de sentir um prazer tão forte que meu mundo inteiro se tornou um apagão por alguns segundos; não importava que minha vagina latejasse pedindo mais; nada importava. Já tinha perdido a noção do tempo e morria de medo da Taty ter ido embora e me deixado. Como eu ia disfarçar? Me levantei da privada e encarei minha imagem no espelho enorme do banheiro luxuoso. Minha aparência gritava:

Foi fodida, e muito bem, há poucos minutos.

Precisava de um homem assim todos os dias da minha vida. Eu nunca ousaria ser triste por um milésimo de segundo. Não seria o Felipe, eu sabia, já que tinha acabado de ceder a ele como uma cadela no cio.

Minha mãe dizia: nunca transe de primeira, eles vão te usar e descartar.

Tudo bem, eu quis ser usada dessa vez. Por mais que eu me sentisse um pouco suja, os meus problemas eram outros. Meu celular, bolsa, vestido e dignidades estavam naquele quarto, onde eu temia voltar e encará-lo. Nem mesmo calcinha eu tinha mais, porque o brutamontes a havia rasgado.

Fernando: Maitê?

Ai! O que ele quer?

Maiara: Oi... — respondi baixinho.

Fernando: Estou descendo, não vou demorar.

Maiara: Ok.

Essa era a minha deixa.

Saí correndo do banheiro assim que ouvi a porta se fechar, tropeçando sobre o tapete do quarto e quase caindo nua no chão. Uma enorme e pesada cortina cinza cobria a janela e só reparei em quão grande era o quarto enquanto buscava os meus objetos.

Deixei a calcinha rasgada na cama, onde estava. Pode ficar de lembrança...

Uma lembrança boa ou uma ruim?

Ruim, presumo, já que estou prestes a fugir.

Meu vestido não estava na porta de entrada. Percorri os olhos pela mobília de madeira marrom-clara até vê-lo dobrado embaixo da TV de muitas polegadas. Foi ele quem dobrou? Vesti-o e não consegui fechar o zíper até o final, mas isso deveria bastar para a caminhada da vergonha.

Sapatos? Eu não tinha.

Achei minha bolsa pendurada no suporte e corri, como se minha vida estivesse em perigo, para fora daquele quarto. Fugi do Felipe como se ele fosse uma fera e eu fosse a presa. Duvidava que ele fosse se importar de fato por eu ter ido embora, mas não queria ter que encará-lo outra vez.

Os funcionários do hotel me olhavam com estranheza. Concentrei-me na ideia de que nunca mais os veria na vida e escapei pelas grandes portas, a todo momento olhando para os lados por temer dar de cara com o suposto Felipe.

Atravessando o gramado em direção ao jardim, em busca do estacionamento, pisei em algo cortante e meu dedão do pé latejou de dor. Inferno! Segui minha corrida, apesar da ardência no pé, até avistar o estacionamento.

Graças a Deus.

Me escondi atrás do primeiro carro alto que vi pela frente, deixando minhas costas recostarem na lataria fria, permitindo-me respirar outra vez. Aliviada, fechei os olhos, mas meus pensamentos me traíram ao trazerem aqueles olhos de volta à minha memória. O pior? Minha vagina se contraiu só de recordar.

O orgasmo que todos comentam? Só podia ser o que senti. Não poderia existir uma sensação melhor do que aquela... ou poderia? Pensei que ia sentir dor, pois o meu primeiro parceiro tinha menos da metade do tamanho dele, mas não.

A parte que me faltavaOnde histórias criam vida. Descubra agora