• Maiara Pereira •
Trancada no banheiro, encarava uma crise de ansiedade sufocante. Minhas mãos tremiam, meu coração queria sair pela boca, me faltava ar. O que eu tinha acabado de fazer?
Não importava se eu havia acabado de sentir um prazer tão forte que meu mundo inteiro se tornou um apagão por alguns segundos; não importava que minha vagina latejasse pedindo mais; nada importava. Já tinha perdido a noção do tempo e morria de medo da Taty ter ido embora e me deixado. Como eu ia disfarçar? Me levantei da privada e encarei minha imagem no espelho enorme do banheiro luxuoso. Minha aparência gritava:
Foi fodida, e muito bem, há poucos minutos.
Precisava de um homem assim todos os dias da minha vida. Eu nunca ousaria ser triste por um milésimo de segundo. Não seria o Felipe, eu sabia, já que tinha acabado de ceder a ele como uma cadela no cio.
Minha mãe dizia: nunca transe de primeira, eles vão te usar e descartar.
Tudo bem, eu quis ser usada dessa vez. Por mais que eu me sentisse um pouco suja, os meus problemas eram outros. Meu celular, bolsa, vestido e dignidades estavam naquele quarto, onde eu temia voltar e encará-lo. Nem mesmo calcinha eu tinha mais, porque o brutamontes a havia rasgado.
Fernando: Maitê?
Ai! O que ele quer?
Maiara: Oi... — respondi baixinho.
Fernando: Estou descendo, não vou demorar.
Maiara: Ok.
Essa era a minha deixa.
Saí correndo do banheiro assim que ouvi a porta se fechar, tropeçando sobre o tapete do quarto e quase caindo nua no chão. Uma enorme e pesada cortina cinza cobria a janela e só reparei em quão grande era o quarto enquanto buscava os meus objetos.
Deixei a calcinha rasgada na cama, onde estava. Pode ficar de lembrança...
Uma lembrança boa ou uma ruim?
Ruim, presumo, já que estou prestes a fugir.
Meu vestido não estava na porta de entrada. Percorri os olhos pela mobília de madeira marrom-clara até vê-lo dobrado embaixo da TV de muitas polegadas. Foi ele quem dobrou? Vesti-o e não consegui fechar o zíper até o final, mas isso deveria bastar para a caminhada da vergonha.
Sapatos? Eu não tinha.
Achei minha bolsa pendurada no suporte e corri, como se minha vida estivesse em perigo, para fora daquele quarto. Fugi do Felipe como se ele fosse uma fera e eu fosse a presa. Duvidava que ele fosse se importar de fato por eu ter ido embora, mas não queria ter que encará-lo outra vez.
Os funcionários do hotel me olhavam com estranheza. Concentrei-me na ideia de que nunca mais os veria na vida e escapei pelas grandes portas, a todo momento olhando para os lados por temer dar de cara com o suposto Felipe.
Atravessando o gramado em direção ao jardim, em busca do estacionamento, pisei em algo cortante e meu dedão do pé latejou de dor. Inferno! Segui minha corrida, apesar da ardência no pé, até avistar o estacionamento.
Graças a Deus.
Me escondi atrás do primeiro carro alto que vi pela frente, deixando minhas costas recostarem na lataria fria, permitindo-me respirar outra vez. Aliviada, fechei os olhos, mas meus pensamentos me traíram ao trazerem aqueles olhos de volta à minha memória. O pior? Minha vagina se contraiu só de recordar.
O orgasmo que todos comentam? Só podia ser o que senti. Não poderia existir uma sensação melhor do que aquela... ou poderia? Pensei que ia sentir dor, pois o meu primeiro parceiro tinha menos da metade do tamanho dele, mas não.
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A parte que me faltava
Fiksi PenggemarMaiara Pereira é uma jovem modesta e previsível, com o sonho de passar no vestibular para medicina, até que sua patroa a convidou para uma festa de boas vindas e exigiu sua presença na noite que mudou sua vida completamente. Fernando Zorzanello é a...