Capítulo 34

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• Fernando Zorzanello •

Desci com todas as bolsas e as coloquei no porta-malas depois de atender uma ligação complicada do meu advogado. Meu coração explodiu dentro do peito ao ver como Felipe estava feliz e saltitante em ir comigo, mesmo sem saber para onde. Maiara tomou um banho e escolhemos deixar o do nosso filho para o chalé, por imaginarmos que ele iria querer brincar e explorar o local.

A tia da Maiara chamou Felipe para buscar um brinquedo, que teoricamente ele teria esquecido, enquanto bem à minha frente, me encarava o tio, com uma expressão séria e preocupante. Desde que chegou e fomos apresentados, trocamos meia dúzia de palavras e ele não fez a mínima questão de ser simpático.

Não poderia julgá-lo. Eu teria a mesma postura, ou pior.

Fernando: João, prometo que eles ficarão bem. — Adiantei-me.

João: Você não tem ideia do que a Maiara passou, rapaz.

Fernando: Ela me contou algumas coisas.

João: Não chega perto, rapaz. Você por acaso sabe que ela descobriu que estava grávida porque foi raptada e fugiu de um cativeiro? Segure as mãos dela e olhe de perto, mesmo tendo cuidado bem, ainda restaram marcas de cicatrizes. Minha Maiara arrebentou com as próprias mãos um monte de ripa para escapar por uma janela!

Mas que merda!

A raiva me tomou tão rápido que me preocupei com o meu estado emocional.

Fernando: Quem fez isso? Foram pegos?

João: Os dois garotos estão presos até hoje, mas a mandate está a solta.

Franzi a testa.

Fernando: Mandante?

João: A mandante é a filha do falecido Baltazar, tenho certeza! Depois disso, Maiara precisou ir morar no trabalho.

Passei as mãos pelo cabelo, respirando com dificuldade.

Fernando: Que porra... Maiara sabe disso?

João: Não.

Fernando: Você tem certeza?

João: Ela esteve na cidade no dia e não avisou para ninguém.

Tentei pensar que era loucura da cabeça daquele senhor, mas dentro de mim algo queimava, afirmando que Aline poderia ter sido a mandante. O ódio que nutria por Maiara era injustificável e, se não havia motivos, poderia ser doentio.

Fernando: Vou investigar. Se Aline fez isso, pouco me importa se ela é mulher, eu vou destruir a imagem de santinha que ela montou, sem piedade.

João: Não quero que investigue coisa alguma. Quero que cuide da minha Maiara e do Felipe.

Fernando: João, veja, não há nada que me importe mais nessa vida do que ela, meu filho e minha mãe.

João: Quando vai contar para a Filomena? Nós sabemos de tudo, Maiara nunca nos escondeu nada.

Fernando: Preciso conversar com a Maiara. A depender de mim, falaria hoje mesmo.

João: Para onde pretende levá-la?

Passei os olhos pelo ambiente as suas costas, para garantir que mais ninguém nos ouvia.

Fernando: Quero Maiara comigo em São Paulo. Irei trabalhar menos, estou atrás de um gestor fantasma para a Zor. Felipe terá o amor do pai, da avó e a melhor educação. Também viremos visitá-los, e vocês sempre terão um lugar conosco.

A parte que me faltavaOnde histórias criam vida. Descubra agora