𝐎 𝐒𝐈𝐋𝐄𝐍𝐂𝐈𝐎 𝐃𝐎 𝐀𝐌𝐎𝐑

PIQUENIQUE

MINHO

A casa do meu pai era tão grande quanto a que vivia com minha mãe.

Existiam dois andares, e no primeiro, ficavam a sua gigante sala de estar, sala de jantar e cozinha. Pelo menos, foi o que contei ao inspecionar tudo o que estava ao meu redor aqui, sentado no sofá branco macio.

-Me conte sobre você -Meu pai pediu, iniciando um assunto, depois de mais uma onda de silêncio constrangedor entre a gente. - Está namorando? Quem são seus amigos?

-Pensei que soubesse sobre a minha vida na universidade.

Ele me olhou sério, e eu soube que havia sido um pouco ríspido. Meu pai só queria saber sobre mim, não é como se ele estivesse cometendo um crime.

-Força do hábito -Rapidamente. justifiquei- Não estou namorando, mas é por opção, porque alguns garotos e garotas brigariam por mim.

Lee fez uma careta, ao processar o que havia dito. Não era uma mentira, eu era mesmo muito popular, juntamente de Chan, Felix e todo o restante da Elite. Isso, combinado com a minha beleza, só era uma grande tentação para os atletas da HAPPINESS.

-Informação demais, Minho -Ele brincou, tornando o ambiente um pouco mais agradável.- Para mim, você ainda é um garotinho

Arqueei as sobrancelhas e cruzei os braços.

-Tenho vinte anos, pai - o lembrei.- Quase vinte e um.

-É, eu sei disso.

Ele também deveria saber que minha vida universitária costumava ser bem agitado até o semestre passado. Festas, bebidas, que ainda não tinha idade suficiente para beber, casos de apenas uma noite.

Ia além das brincadeiras de mau gosto, e estava tudo nas redes sociais de perfis do campus da HAPPINESS, não era difícil de achar.

Minha reputação estava mesmo uma merda.

-Mas você tem uma garotinha -Comentei, trazendo a minha irmã à tona. -Ariane é linda.

-Ela se parece com você em alguns aspectos, é tão atrevida quanto me lembro que você era.

Sorri fraco, lembrando-me do pequeno garotinho.

-Quantos anos ela tem?

-Oito.

-Ela é surda ou muda? -Questionei, querendo entender um pouco mais sobre a minha irmãzinha.

-Ari nasceu surda - esclareceu. - Foi uma tremenda surpresa para nós, quando descobrimos, pois não sabíamos nada sobre a língua de sinais. Felizmente, tivemos auxílio para nos ajustar a essa nova realidade rapidamente.

Automaticamente, me lembrei de Hyunjin. Sua realidade foi mudada bruscamente também, por conta de um acidente, não sabia muitos detalhes, porque Chan não havia me contado tudo, mas ele não havia nascido mudo.

-Todos deveriam saber falar a língua de sinais - Murmurei, pensativa sobre o assunto.- Eles já devem se sentir excluídos naturalmente, por usarem a linguagem de sinais, imagina com as pessoas não sabendo?

-É um raciocínio que todos deveriam ter -Meu pai concordou.- Fez aulas de Língua de sinais?

Assenti.

- E de francês, americano, espanhol e português- Completei.- Preciso agradecer pelas aulas de línguas de sinais, ou então não conseguiria me comunicar com Ariane e nem com cunhado de Chan.

-Ele é surdo?

Neguei.

-Hyunjin é mudo, perdeu a capacidade de falar em um acidente.