SENSAÇÃO

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HYUNJIN

Eles não me olhavam com pena, eles me olhavam com ódio.

Não sabia o que havia feito para que fosse encurralado naquela sala fria, nem havia ido jogar com eles, como o professor insistiu, então por que esses meninos estavam aqui? Eu sentia medo, eles não entendiam a minha língua, mesmo que houvesse aula de sinais toda a semana, eles a ignoravam.

-Olha como ele está se borrando de medo - um deles disse. Seu nome era jihoon, e ele era sempre o mais malvado. - Tão ridículo.

Bati minhas costas na parede, quando sua mão se aproximou do meu rosto, mas não consegui evitar que ele segurasse meu queixo.

-Olhe para mim, seu nada.- Jihoon riu, apertando com força meu queixo. Aquilo doía muito, por isso eu o olhei, sentindo meus olhos marejarem. - Isso, bom menino.

-Jihoon... não acha que está sendo cruel demais?  -Nick perguntou. -O irmão dele estava nos cuidando.

-Seungmin é outro merdinha! -Jihoon gritou-Por que não some, hein, garoto? Deveria ter morrido, ao invés de perder só a sua voz!

Se eles soubessem que eu queria aquilo. Todos os dias. A todo momento.

-Podemos fazer esse favor... afinal, quem poderia querer alguém como você? Deve ser um fardo para a sua mãe, para o seu irmão...- Ele riu, negando para algo que estava apenas na sua cabeça. - E ainda acha que pode conquistar uma garota com esse seu jeito? Kaylee nunca vai querer você.

Jihoon estava falando da nossa colega? Por que eu iria querer isso? Não conseguia entender, principalmente o motivo de me odiarem tanto.

-Olha só para você... magro, feio e mudo. - Riu, dando um tapa no meu rosto.- Você é um nada.

Senti as lágrimas se formando nos meus olhos. Todos os dias, eles riam de mim e faziam piada comigo, porém essa era a primeira vez que Jihoon me colocava contra a parede assim.

-Já não conseguia mais enxergar seu rosto, por conta das lágrimas, o que só pareceu deixa-lo mais irritado.

Ele me bateu mais uma vez no rosto.

-Por que não fala nada? Ah, é verdade... você não pode.- Outro tapa. -Preciso ensinar uma lição, para que aprenda o seu lugar.

-Jihoon...

-Cala a boca, Nick. Se não quiser ver, é só sair dessa sala, porra!

-Ele só emprestou uma caneta para Kaylee- Nick disse, me lembrando do que havia feito na aula de matemática de mais cedo.

-E sorriu para ela! Esse maldito sorriso feio. - Mais um tapa. Minha bochecha ardeu.

-Acha que pode ficar com uma garota linda como ela? Se Kaylee ficasse com você, seria por pena, mas acredito que ela tenha amor à vida.

As lágrimas já escorriam livremente pelo meu rosto.

Cada dia que passava, eu sabia mais do meu lugar no mundo. Jihoon estava certo, eu não era alguém para ter qualquer tipo de afeto das pessoas ao meu redor. Até mesmo para a minha mãe e para o meu irmão, havia me tornado um fardo.

- E não consegue nem me ver, por conta dessas lágrimas. -Cuspiu na minha cara.- Além de tudo, é um fraco!

Ele me largou, e eu achei que iria embora, mas tive uma surpresa desagradável quando senti um soco acertar meu rosto. Eu caí com a força, sentindo minha mandíbula tão dolorida, que temi ter deslocado.

Eu queria gritar, entretanto nem isso conseguia fazer.

Minha boca estava aberta, porém não saía som.

𝐎 𝐒𝐈𝐋𝐄𝐍𝐂𝐈𝐎 𝐃𝐎 𝐀𝐌𝐎𝐑 Onde histórias criam vida. Descubra agora