JANTAR

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MINHO

Entrei no quarto em silêncio, vendo pela primeira vez na vida, meu amigo tão destruído daquela forma. Ele estava sentado na cama, abraçando a sua barriga, enquanto soluçava alto, a ponto de molhar sua roupa com lágrimas e atrapalhar toda a sua respiração.

Eu me aproximei e me sentei ao seu lado.

Ele me encarou com o rosto encharcado, e apenas abri meus braços, o trazendo para perto. Abracei seu corpo pequeno e alisei suas costas, tentando pensar em maneiras de falar palavras que a confortassem, quando imaginava que nenhuma faria sentido na sua cabeça agora. De uma forma ou de outra, Felix havia sido deixado, e para quem havia deixado na última vez, aquilo doía muito mais.

-Sinto muito -foi o que saiu da minha boca.

Ele me abraçou mais apertado.

-Ele foi um idiota -Murmurou fungando.

Como poderia explicar para o meu amigo, que ele não havia sido? Os dois precisavam desse tempo, mas ele estava de cabeça quente, e eu não falaria isso agora.

Um barulho da porta se abrindo, chamou a minha atenção.

-O que aconteceu? -Chan entrou no quarto e se assustou ao ver nosso amigo chorando nos meus braços. - Felix? Minho?

Ele fechou a porta.

-Changbin terminou com ele.

- O quê?

Era mesmo surpreendente, já que Changbin nunca aceitou que o que eles tinham era ruim. Aquela decisão só mostrava o quanto ele estava conseguindo amadurecer com a terapia e com o tratamento que havia feito em uma clínica de reabilitação.

-Como isso aconteceu ? -Chan perguntou, largando sua bolsa na sua cama e se ajoelhando na nossa frente.

Ele segurou o rosto de Felix e tentou limpá-lo, mas tudo o que o nosso amigo loiro fazia, era chorar mais.

-Vou pegar Changbin pelas orelhas...

Nunca havia pensado em casamento, porque era novo demais para aquilo, mal pensava sobre namorados, porque todos os que tive não duraram mais do que dois meses. Eles eram muito idiotas, e foi por conta das suas idiotices, que preferi ter apenas lances casuais.

Era mais divertido e menos problemático.

Também não conseguia imaginar a dor que Felix estava sentindo, da mesma forma que não soube ser muito prestativo com Chan, quando Seungmin rompeu tudo com ele no semestre passado.

Eu nunca havia me apaixonado.

Acreditava que o amor existia, mas que ainda não havia me encontrado e eu estava bem com esse fato. Como mencionei, era muito novo para pensar em coisas tão sérias, porém, a inexperiência nesses assuntos, não me impedia de ser menos inconveniente.

Digamos que a maneira direta com que eu falava, às vezes podia magoar.

-O que eu faço da minha vida?- murmurou tão fraco, que quase não escutei.

-Vocês ainda vão voltar, Felix -garanti. - Só precisam de um tempo.

Ele não respondeu e foi abraçado por Chan.

-Vai ficar tudo bem. -Logo ele estava chorando de novo, e sem saber muito bem o que fazer, o abracei também.

-Obrigada por estarem comigo -ele agradeceu.

-Vamos sempre estar aqui -Chan garantiu..

Eu concordei.

Achava que para sempre era impossível com alguém, mas depois de tudo o que havíamos vivido nesses seis anos de amizade, tinha certeza de que nada mais poderia nos separar.

𝐎 𝐒𝐈𝐋𝐄𝐍𝐂𝐈𝐎 𝐃𝐎 𝐀𝐌𝐎𝐑 Onde histórias criam vida. Descubra agora